GabrielOsodrac 21/05/2024
Machado afiado pelo ódio de conviver com nossa elite ignorante
Imagina o quão pica no negócio tu precisa ser pra ser preto e chegar no topo como escritor naquele Rio de Janeiro daquela época. Ok, foda, agora chegou ao topo, sentou do lado dos ocupantes, botaram uma cadeira ali pra ele, beleza. Mas quem é que ele encontrou ali, ocupando o topo? Quem era a elite do Rio de Janeiro na época e como eles dormiam de noite? Esse livro fala disso.
Se você faz parte da lista dos primeiros da família a entrar numa faculdade, a passar num concurso, a conseguir alguma ascensão social, você conhece um Bras Cubas. Aquela pessoa que tem tudo na mão, mesmo assim não se ajuda, não quer nada com nada. Faz faculdade forçado pelos pais, diz que o curso não ajuda em nada; por conta do tédio de uma vida herdade, só se relaciona com pessoas em busca de aventura, que envolva traição, posse, disputa de ego, política, alguma agitação numa vida pacata e mediocre. Ele envelhece e se desespera, tenta virar filósofo buscando dar sentido à sua existencia e no desespero ele morre. Morto ele aparece, na sua melhor forma, pra te contar sua vida.
Pra fechar: imagina você escrever 300 páginas debochando da cara de algum idiota, publicar isso, e no fim essa mesma pessoa chegar pra te dizer: “cara, que livro ein! Realmente, descreveu muito bem a humanidade!”. Por isso é um dos maiores livros da história da humanidade. Os cara são burro? beleza são, mas o Machado usou o sarcamo muito bem aqui, e chuto que deve ter adorado o processo de escrever esse livro, enfim.