spoiler visualizarNiniziolek 10/05/2024
Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra de Machado de Assis, escrita em 1881, mostra a transição do romantismo para o realismo no Brasil, sendo a principal obra de tal movimento.
A obra em primeira pessoa se inicia com o narrador nos inteirando de sua morte por pneumonia e relatando diversos momentos de sua vida, desde sua infância até a fase adulta. Brás Cubas acreditava que sua morte havia sido causada pelo fracasso de sua ideia, o Emplasto Brás Cubas, um medicamento que o próprio criou com o único objetivo de alcançar sucesso.
Em sua infância, Brás Cubas recebe a alcunha de "menino diabo" e o mesmo se considerava, diante de suas malícias.
Na juventude conhece Marcela, uma meretriz por quem ele se apaixona e aponta que a amou "durante quinze meses e onze contos de réis". Seu pai se preocupa com esse envolvimento e decide por mandar o filho para estudar fora por um tempo.
Dessa forma, Brás Cubas foi estudar direito em Portugal, onde se forma de maneira medíocre "... era um acadêmico estroina, superficial, tumultário e petulante."
Ao retornar ao Brasil, ele se apaixona por Virgília, que por vez, se casa com Lobo Neves, por que o mesmo era um político de maior influência. Entretanto, Brás Cubas e Virgília continuam por se encontrar às escondidas numa casa alugada para esse proveito. A casa era regida por Dona Plácida, empregada de Virgília que acoberta o casal.
No fim, Brás Cubas entra para a política e mesmo exercendo um trabalho mediano, a posição lhe oferece algum reconhecimento, diante de um mundo onde a aparência era altamente venerada.
Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro, em 1839 ainda no Brasil escravocrata, demonstra a genialidade em suas obras através de inovações, ironias, críticas e muito sarcasmo.
Suas criações possuem uma identidade forte e extremamente reconhecível por meio das "inovações Machadianas", como o fato de o livro ser uma biografia contada ao contrário, a interferência do autor através das conversas com o leitor ou o uso da metalinguagem, visão pessimista, críticas em relação à hipocrisia, e um humor irônico muito sofisticado e sutil.
Ao final da obra, concluímos que Brás Cubas não obteve êxito algum em sua vida, não teve sucesso com o emplasto, não vira o deputado que o pai tanto queria, não se casa nem tem filhos, sequer consegue o êxito de ser um defunto, já que ao invés de descansar, ele relembra e lamenta a vida que teve.
"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."