Matteus5 20/05/2024
"Na morte que liberdade, que desabafo"
O maior livro da literatura brasileira, se não concordam em qualidade, são obrigados a concordar em grandeza. Uma obra que quebrou os paradigmas narrativos, de enredo, de personagens, de ideologias, de reflexões e de moral.
Nas Memórias Póstumas de Brás Cubas somos apresentados a um homem elegante, educado, bem humorado e indiferente a tudo, afinal, está morto. A narrativa começa pela sua morte, e como o próprio Cubas diz: "o escrito ficaria assim mais galante e mais novo". Cubas foi um burguês comum, viveu, teve amores, paixões, ambições e reflexões; sempre embebido do ar pedante; vive sem conquistas e morre sem venturas, com tudo que fez na vida ficando no passado, jamais tendo alçando a glória. Mas nem tudo é negativo, afinal, sobrou um saldo positivo: "Não tive filhos, não transmite a criatura nenhuma o legado de nossa miséria".
A obra é simples, escrita com a pachorra de alguém desafrontado da brevidade da vida; Cubas nos leva por suas memórias, fazendo anedotas aqui e ali, com uma interatividade absurda entre narrador, obra e leitor. Por diversas vezes a obra é pausada ou perde o fio do raciocínio, levando o interlocutor (se é que assim posso nos chamar) a um estado de confusão. Contudo, tudo isso é friamente planejado. Machado conduz a narrativa de modo a realmente transparecer um desabafo do passado, ainda remontando os erros do defunto autor.
Há, obviamente, críticas à burguesia e aos moldes ideológicos e existenciais da época: O adultério feminino, a inveja, a cobiça, o deszelo pela religião e pela moral; como uma boa obra realista.
O que mais chama atenção é o seu narrador, uma vez posto que não é confiável e, por muitas vezes, hipócrita. Essa inversão de polos, já vista em escritos anteriores e por autores diferentes, cai muito bem na pedida do enredo. Em momento algum Brás se compunha em transpassar uma obra de grande magnificência, não! Ela é feita pra posterioridade, porém, não se interessa por ela ? um simples relato.
Poderia ficar muitas horas a falar sobre as qualidades deste livro, contudo, já me prolonguei demais, resta apenas dizer o básico: O MAIOR LIVRO DA LITERATURA BRASILEIRA.