Fernanda 11/02/2024
"Que legal. Bom, até mais."
Essa leitura foi exatamente como a Vivian disse ao Seth: "Que legal. Bom, até mais." Foi isso e só isso. Talvez sem o Até mais. A promessa de um livro feminista foi na verdade, em grande parte, um livro com um romance água com açúcar, uma protagonista adolescente que só existe, e no final um movimento que as garotas do colégio apoiaram. Foi isso. E quando digo uma protagonista que só existe é uma simplificação de toda a raiva que passei lendo. Essa criatura não faz nada. Ela não estuda durante a tarde, não trabalha, não pratica um esporte, não usa uma substância ilícita, nada mesmo. Ela tem 16 anos e a vida dela consiste em existir. Irritante. Mas, como o final do livro tem o movimento foda que me prometeram, foi legal.
Os diálogos são terminados com frases de adolescentes que querem ser descolados, o que irrita. Muito. Parece que todo o vocabulário e as opções do que se dizer pra alguém são mais do que reduzidas.
Esse livro falhou miseravelmente em dar credibilidade e seriedade a um assunto tão pesado. Isso (do capítulo 14) foi a explanação de um crime e não uma lista das brincadeiras que eles fazem. Isso tudo nas primeiras 200 páginas. Porém, como o final do livro foi bem fofo e encantador, teve a revolução e o movimento de mulheres unidas que prometeram direi a todos que é um ótimo livro. E ele é mesmo, se contarmos só as 88 últimas páginas.
Tiveram sim alguns momentos de reflexão e que fizeram a diferença na história. Acho que o problema foi que eu fui com a grande expectativa de ler sobre uma garota fodona que não iria aceitar o comportamento de gente escrota, e como acabei lendo sobre garotas que já tinham se acostumado a crimes e os tratavam como brincadeiras por anos, acabei julgando demais e me irritando bastante com a protagonista ao em vez de ter a mente mais aberta e entender como as coisas levam tempo.