Azaxul 19/12/2018
Profissional!
(Escrevi a resenha e deletei pois havia repetido alguns parágrafos)
A escrita, profissionalismo e habilidades da escritora são os maiores destaques, quanto a história achei um pouco rasa.
Escrita primorosa, agradável e objetiva. A escrita e maneira de desenvolver situações, cenas, fatos e diálogos, de forma profissional e cirúrgica são os pontos que mais me impressionaram e agradaram.
Indico fortemente para quem não tem hábito de ler ou tem dificuldades de concluir uma leitura, ainda mais se for por conta de má escrita, enrolações e muitas páginas.
O enredo geral desse livro é bem inventivo e abordado com generosidade, ousadia, e realismo, nesse sentido o blurb do escritor César Bravo (Ultra Carnem) corresponde ao prometido.
A atmosfera presente é densa e as descrições são ''secas'', além do mais, a autora apresenta as coisas de uma forma que da oportunidade para o leitor(a) vivenciar as cenas e situações, e não somente ''ler o que está acontecendo''.
Cláudia Lemes não esconde o ouro, não esconde nada, e isso é muito legal, pois existem escritores que abordam alguns temas ''tabu'' ''polêmicos'' e criam um certo burburinho com suas obras, mas a abordagem no fim das contas se mostra tímida e cautelosa, em muitos casos as situações, cenas e diálogos que acabam não transmitindo nada, parecendo que o escritor apenas concebeu que situação X é impactante por si só, mas ''situações assim'' são vistas todos os dias nas redes sociais, no Datena e no submundo da internet.
Quanto ao desenvolver da história, achei razoável.
A história e os personagens não me agradaram. Inclusive para quem espera grande foco no desenrolar da investigação e aprofundamento no perfil do assassino e seus interesses pessoais, acredito que não terá as expectativas atendidas.
Já sobre os personagens, afirmo que gostei somente dos pais das crianças e do padre (sinistro), os dramas dos personagens são realistas e pesados, o comportamento humano de todos os personagens e os diálogos são verossímeis, mas achei que o desenvolvimento de alguns dramas foi bem enrolado, a escrita ágil, contribuiu positivamente nesse ponto.
Achei também, que a fobia da protagonista poderia ter sido mais pungente e palpável.
Gostei muito de algumas cenas, quase cinematográficas, aliás se tem algo que é difícil é inserir cenas ''cinematográficas'' em um livro, de modo assertivo, sem exageros e que cause algumas sensações e impacto no leitor.
Os momentos na estrada, no cemitério, na Igreja e na floresta são de arrepiar e ainda estão no meu imaginário.
O livro pretende servir como bom entretenimento, mas tem características que se encontram em bons clássicos, como não ter informações de mais ou exibicionismos, ser objetivo, inspirado, fluido e límpido.
Enfim, o resultado final é um livro bem acima da média, bem superior ao que a literatura nacional oferece. As vezes, me parece que alguns escritores(a) com os seus livros estão ''tentando alguma coisa'', Cláudia Lemes com ''Inferno no Ártico'' não está tentando nada, ela está exercendo o oficio da escrita, profissionalmente.