Natália 24/07/2021
Maravilhoso, como tudo o que Machado escreve ??
O livro retrata a história do protagonista Rubião e sua trajetória de professor a capitalista. Amigo do filósofo Quincas Borba (personagem que foi nos apresentado no romance anterior de Machado, Memórias Póstumas de Brás Cubas), cuidou do amigo até o fim da vida. Quincas Borba era fundador de uma teoria filosófica denominada Humanitas e tinha muito dinheiro, deixando em testamento Rubião como seu herdeiro universal, além de Rubião passar a ser tutor de seu cachorro, de nome também Quincas Borba (o dono acreditava que o nome e, assim, a sua filosofia, sobreviveria após a sua morte, através de seu cachorro). Com muito dinheiro, Rubião parte a então capital nacional, Rio de Janeiro. No caminho, inicia uma amizade com o casal Cristiano Palha e Sofia, por quem nutrirá uma grande paixão. A narrativa se desenvolve a partir desse encontro, com as reuniões sociais entre esses personagens e a sociedade da época. Apesar do título do livro, temos Rubião como o protagonista dessa história.
Machado de Assis mais uma vez não me decepcionou. Esse livro me provocou muita reflexão e um misto de sentimentos... O livro nos mostra o quanto as relações humanas podem ser embaladas pelo interesse, principalmente financeiro. A casa vivia cheia quando havia fartura, saúde do protagonista, dinheiro. E as pessoas somem quando tudo isso acaba. Achei interessante a amizade fiel do cão com os seus dois tutores, primeiro Quincas Borba e depois Rubião, mostrando o quanto a amizade de um animal, que permanece até ao fim ao lado do amigo, pode ser mais verdadeira que a amizade entre humanos.
Isso corrobora com o estilo irônico-satírico sempre presente nas obras de Machado: o cão Quincas representa o homem e o cachorro e, de certa maneira, atua como uma resposta à filosofia do Humanitismo criada por Quincas Borba, na qual o ser humano não é superior ao animal; o que importa é a espécie, e não o indivíduo.
"Ao vencedor, as batatas."