Larisse
08/06/2022Roubando um trecho da trilogia de Divergente que cai muito bem pra esse livro: "Desde que eu era criança, sempre soube disto: a vida nos danifica, a todos nós. Não há como escapar desse dano. Mas agora também estou aprendendo isto: podemos ser consertadosJá adiantando que o livro se passa em um dia, então muitas coisas que são abordadas aqui sobre a vida dos personagens vão ficar em aberto.
Esse livro é narrado por três personagens que estão passando por situações que, como o título já nos dá spoiler, os deixa sem rumo.
A primeira personagem que conhecemos é a Freya, que é uma cantora amadora que foi descoberta por uma agência e, nas últimas semanas da gravação do seu album de estreia, ela simplesmente perde a voz. O segundo personagem é o Harun, que é de uma família mais conservadora e seu namorado, James, termina com ele. E o último (e na minha opnião, mais misterioso) é o Nathaniel, que a gente passa o livro todo se perguntando porque ele foi para Nova York.
O livro vai narrando a perspectiva de cada um, mas de uma forma MUITO suave, que torna o livro beeeem fluido e gostoso de ler. Além de narrar o presente, ele narra as perdas de cada personagem, ou seja, o que aconteceu com eles para torná-los as pessoas que são até o momento em que se conhecem.
Não quero aprofundar muito detalhadamente nos personagens, mas deixando minhas percepções:
1) Freya: a perda da voz ela é só uma consolidação de que ela realmente nunca teve uma voz. As pessoas sempre falaram e escolheram por ela, coisa que ela nunca gostou, mas também nunca conseguia mudar.
2) Harun: foi o personagem com a história mais difícil pra mim. Eu via o relacionamento dele com o James um tanto tóxico pela escolha que o James queria que o Harun fizesse sem pensar nas consequências. Isso foi um tanto negativo para o Harun, que se vê como um covarde por não ter a coragem de tomar essa decisão, pelo menos não no momento. Eu não vejo como uma questão de covardia ou não; ele só não estava preparado para tomar esse passo no momento e, como parceiro, eu acho que o James não deveria precioná-lo, mas entender que não é tão simples assim e oferecer apoio, não deixar a situação ainda mais difícil. Não me simpatizei com o James, e no final do livro, até entendi um pouco o ponto dele, mas é um ponto bem questionável.
3) Nathaniel: esse foi o personagem que, de todos os 3, eu mais me apeguei. Ele era aquele garoto que, na escola, poderia ser visto como "popular", mas no momento em que estar com ele não era mais "viável", foi abandonado pelos "amigos". A relação familiar dele também é bastante complicada e eu acho que ele era muito maduro para encarar tudo da forma que encarava, maaaas, quando a base da vida dele, que era justamente o que ele construía na sua vida escolar foi balançada, ele se viu perdido.
O livro msm sendo rápido e gostoso de ler, me fez ter um olhar um pouco mais humanizado, podemos dizer. Hoje em dia (ou depois que a gente cresce), eu percebo o quanto é difícil a gente criar laços verdadeiros com as pessoas, de ter um amor (não necessariamente amoroso) que não quer nada em troca, no sentido de que quando eu não estiver bem, não ser abandonada/esquecida, mas que vai ter alguém lá pra tipo "Oi, eu estou aqui pro que der e vier". O problema, na minha opinião é que a nossa cultura tem vendido a política de que "Vc tem que dar conta de si mesmo", o que é verdade até certo ponto, poréééééééém também temos que lembrar que não fomos criados para vivermos sozinhos e que por mais fortes que sejamos, precisamos sim uns dos outros.