Otávio - @vendavaldelivros 09/01/2024
“A existência humana talvez seja mais simples do que imaginamos. Não existe predestinação, não há mistério insondável da vida. Demônios e deuses não disputam nossa lealdade. Em vez disso, somos constituídos por esforço próprio, somos independentes, frágeis e estamos sozinhos, uma espécie biológica adaptada a viver num mundo biológico.”
Por que existimos? Aposto que essa pergunta já passou pela sua cabeça em algum momento. Você pode ter chegado a uma conclusão ou não. As religiões tem também a missão de responder essa pergunta, então é comum encontrarmos respostas como “porque Deus quis” ou “porque está nos planos de Deus” e afins. Em alguns casos, porém, essas respostas não são suficientes e não respondem esse questionamento, então seguimos buscando, mesmo que a resposta seja que “não existe motivo”.
Publicado em 2014, “O sentido da existência humana” do norte-americano Edward O. Wilson é quase um tratado entre a biologia e a filosofia, que busca entender os motivos de estarmos aqui, de sermos nós a espécie dominante e qual nossa posição na história do universo. Em capítulos curtos, mas profundamente impactantes e bem escritos, Wilson, um dos maiores biólogos evolutivos de nosso tempo apresenta argumentos práticos e de fácil compreensão do porquê de não sermos, afinal de contas, nada de especial.
Dos mundos que não vemos, das dimensões que não conhecemos até nossas próprias limitações e gatilhos biológicos e, claro, até nossa comparação com as formigas, o autor vai, ponto a ponto, colocando a humanidade em um lugar de mais humildade em relação à existência, à vida e ao Universo. Pode soar materialista e até certo ponto de fato é, mas Wilson consegue deixar mesmo as críticas às religiões mais leves e divertidas, com um humor sutil, por vezes ácido.
Acho que fui uma criança de “porquês”. Sempre quis entender (e até hoje sou um pouco assim) porque as coisas são do jeito que são e qual o sentido de estarmos aqui. Ainda acho que exista algum tipo de motivação ou lógica por trás dos fatos, mas me conforta a opção de não existir e de não sermos nada mais do que poeiras de estrelas que estão vivas. Talvez, a vida ganhe sentido dessa forma.
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