Mariana 17/08/2020Quase 4,5 estrelasEu não sei o que estava esperando deste livro, mas definitivamente não foi o que recebi. Acredito que, em parte, seja por ele estar sendo vendido como um contemporâneo divertido no estilo "Bridget Jones’s Diary". Bem, não é. Não que isso seja um problema para mim.
O livro não traz grandes acontecimentos. Ele é focado em uma situação em particular da vida da protagonista, Queenie, e em como ele desencadeou diversas outros episódios. Nesse sentido, o livro é bastante real, com situações comuns que podem acontecer na vida de uma mulher. Isso me deixou triste em alguns momentos, me lembrou como é difícil ser mulher na nossa sociedade. Isso que eu nem ouso o quão mais difícil pode ser se você for uma mulher negra.
A solidão da mulher negra e a objetificação de seus corpos, inclusive, foi o ponto alto do livro para mim. A autora soube muito bem como retratar esse tema de uma maneira sutil, mas que deixava um amargor na boca e um sentimento de vazio toda vez que eu terminava um capítulo que continha cenas sexuais.
Também gostei muito da forma que a autora abordou a questão da saúde mental e como as vezes temos dificuldade em enxergarmos que precisamos de ajuda. A relação das gerações anteriores com o aconselhamento psicológico também foi bastante interessante. Porém, tenho uma ressalva sobre o tema: durante todo o livro, a percepção que nós leitores criamos é de que Queenie precisa muito de ajuda psicológica, mas quando isso enfim acontece, nós não acompanhamos o seu processo de cura. A autora optou por nos mostrar apenas a primeira e a última consulta de Queenie. Gostaria que o assunto tivesse sito inserido mais cedo no enredo e, assim, pudesse ter sido mais desenvolvido.
Enfim, foi uma leitura prazerosa e que eu gostaria de indicar para todas as minhas amigas.