Priscila.Damiani 26/12/2023
@ler.terapia
(Esta resenha não contém spoiler)
"O oceano é um mistério, como Deus. Ambos são tão grandes que não podemos ver tudo ao mesmo tempo, mas podemos captar pedaços aqui e ali"
Esse livro mexeu tanto comigo, que eu não sabia nem por onde começar a resenha ou como eu iria expressar todas as emoções que ele me causou.
Eu marquei páginas inteiras, chorei de ter que fechar o livro para respirar, reli capítulos para sentir aquelas palavras novamente, mas às vezes eu também não queria ler o que estava por vir, por vezes quis fugir.
O livro conta a trajetória de Asher, pai de Justin, esposo de Lydia. Ele é pastor de uma igreja conservadora, e depois de muitos anos pregando percebe que tem algo errado ali. Percebe o quão nociva pode ser a crença que ele alimentou durante sua vida inteira.
Em um momento difícil, de grandes tragédias devido a tempestades que causaram enchentes na sua cidade, Asher tenta ajudar um casal gay que ficou desabrigado.
Decisão que causou grandes conflitos entre ele e sua esposa. Lydia não o apoiou nessa decisão.
Isso foi praticamente um estopim para que ele percebesse o quanto era limitante o pensamento da sua igreja. Pensamento que ele acreditou por muito tempo.
A partir daí, algo dentro dele se acende e ele começa a remexer no passado, e cutucar feridas nunca cicatrizadas. Asher percebe como foi injusto com aquele que mais amava, seu irmão Luke.
No decorrer do enredo Asher toma uma decisão muito impactante para a vida de todos em sua volta. E em uma busca frenética por perdão, reparação e proteção muitas coisas ficam em jogo. Inclusive sua relação com seu filho Justin.
Justin, como não falar sobre ele. Um menino de 9 anos, tão puro e cheio de amor. Ele que me trouxe as maiores reflexões dessa leitura. De como Deus está em tudo, em todos, no aroma, no vento, na iguana. E de como o Tudo é o que importa.
?Em uma escrita cativante e muito bem desenvolvida, com personagens intensos e sólidos, além dos personagens secundários serem inesquecíveis, perfeitos. O autor, Silas House, nos proporciona aquela sensação de nó na garganta, de empatia, dor, de amor e fé. Com representatividade LGBTQIAPN+ e de uma sensibilidade sem igual, o que mais me chamou a atenção na escrita dele foi a profundidade e veracidade de suas palavras. Um sentimento quase palpável.
?Eu recomendo demais essa leitura, fiquei com o coração apertado, mas valeu cada lágrima.
??Alerta de gatilhos com os temas: catástrofes, mortes, homofobia, intolerância
??"A audição tem um jeito de se enganar para acreditar naquilo que deseja"