Annalisa 02/06/2022Soldados do Jazz
É bem diferente do que eu imaginei que seria, pelo nome "Soldados do Jazz" talvez eu tenha criado um expectativa em um tipo de história mais poética e contada de forma romantizada e talvez até mesmo lírica, trazendo a presença do Jazz e seus ritmos calorosos. E na verdade Thomas Saintourens nos faz engolir a história a seco, sem romantizar ou pavonear nada.
Ele nos apresenta a história com ela é: real, crua, dolorosa e triste. Nos traz fatos, datas e contextos que é como se estivéssemos assistindo algum tipo de relato ou documentário.
Sou uma grande fã de livros que retratam partes da história que de outra forma não saberíamos que ela existiu, e Soldados do Jazz é uma dessas histórias, vamos ter um EUA presente no final da Primeira Guerra, mas sem saber como inserir uma população negra em uma situação que seria de "honra" para os brancos: servir ao seu país. Diante de um cenário racista e segregado vemos passo a passo a formação do 15º Regimento da Guarda Nacional em NY e toda a desigualdade sofrida por eles, desde sua estruturação até nos momentos finais na linha de frente dos campos de batalha.
É uma história que se não fosse real, não acredito que poderia ter sido inventada tamanha situação social que o Velho 15 teve que passar tanto em solo americano, quanto em solo francês. Para apesar de tudo, após ao final da guerra, de seus atos heroicos e únicos, voltarem para suas casas e viverem um vida miserável e morrerem uma morte anônima.
"Pessoalmente sou da opinião, e afirmo isso, acredito, com a melhor graça do mundo, visto que sou um sulista com todos os preconceitos sulistas herdados e adquiridos no que toca à questão da raça - que como resultado do que nossos soldados negros farão nessa guerra, uma palavra que foi pronunciada bilhões de vezes em nosso país, às vezes com desprezo, às vezes com ódio, às vezes com toda benevolência - mas que, estou certo, nunca entrou em ouvidos negros sem causa uma ferida no coração - terá um novo significado para todos nós, do Sul e do Norte também, e que daí em diante p-r-e-t-o será apenas um outro jeito de soletrar a palavra americano. - Páginas 83 e 84.