Aione 29/05/2020Verity é um dos lançamentos mais comentados de Colleen Hoover. A autora, cujas obras sempre causam alvoroço por conta de seu renome entre os leitores, inovou no mais recente romance traduzido por Thais Britto para a Galera Record ao trazer, dessa vez, um thriller com cenas eletrizantes.
Lowen é uma escritora que foge dos holofotes, mais interessada em escrever suas obras sem viver o glamour dedicado a alguns escritores. Então, ela recebe uma proposta de seu agente: finalizar, sob um pseudônimo, a série de livros mais famosa da autora best-seller Verity Crawford, que teve suas atividades interrompidas após um súbito acidente. Para isso, Lowen precisará passar um tempo na casa de Verity lendo suas anotações e planejamentos para os volumes finais da série. Contudo, Lowen encontra um manuscrito, uma espécie de autobiografia de Verity narrando sua vida conjugal desde o primeiro encontro com Jeremy, seu marido — manuscrito esse capaz de inserir Lowen em uma assustadora rede de informações que a farão questionar a realidade da vida de Verity.
Verity já começa com uma cena chocante: um acidente de trânsito descrito em detalhes. Com isso, Colleen Hoover anuncia, desde o primeiro parágrafo, que este romance será diferente dos demais. Ao mesmo tempo, o primeiro capítulo guarda elementos próprios da escrita da autora, como um encontro impactante entre protagonistas e um diálogo ao estilo dos que CoHo costuma entregar, com fluidez, conexão entre personagens e um tom de sagacidade no que está sendo dito. Ao longo do enredo, ainda que a construção da história se diferencie de suas outras obras, a narrativa em primeira pessoa continua a se mostrar como tipicamente sua, capaz de ser intensa e envolvente em iguais medidas.
O interessante no desenvolvimento da tensão em Verity está na alternância entre o manuscrito que Lowen lê e sua própria narrativa, causando um choque entre as duas realidades e fazendo com que o leitor tenha os mesmos questionamentos da protagonista: o que é real? O que está sendo escondido? A dúvida, aliada ao envolvimento que a leitura proporciona, são a força motriz da história, bem como o horror proporcionado pelo que o manuscrito revela. Até onde alguém é capaz de ir para sustentar os próprios interesses? Colleen Hoover de fato criou uma personagem que assombra pelo nível doentio de sua mente.
Apesar de ter achado a leitura bastante fluida e, no geral, ter gostado dela, Verity não foi para mim tão impactante quanto para muitos outros leitores. Achei as resoluções finais com pontas abertas e explicações pouco convincentes, além de já ter imaginado parte da reviravolta final. Minha sensação foi a de que havia uma tentativa muito esforçada em fazer o leitor acreditar em uma verdade e, com isso, ela se enfraqueceu para mim. Contudo, o final aberto da história me soou positivo, justamente por possibilitar a dúvida e, em consequência, intensificar o significado de tudo o que aconteceu anteriormente.
No resumo, Verity foi uma boa leitura e um bom passatempo, mas que não me satisfez por completo dentro do gênero. É uma opção válida especialmente para quem tem interesse em conhecer thrillers ou tem curiosidade em ler algo diferente da autora. Vale o lembrete de que é uma obra com um alto teor de conteúdo sexual explícito, que faz parte da narrativa e da ideia sendo trabalhada pela autora.
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