spoiler visualizarVitorcfab 31/03/2023
Refúgio
Nesse livro finalmente vemos Drizzt deixando o reino subterrâneo e explorando a superfície. É um processo difícil, principalmente pelo contato com o sol, que é muito doloroso, mas até mesmo o sol acaba se tornando um símbolo de sua luta e esperança.
Drizzt se sente como um intruso nesse mundo novo, e por conta disso, busca constantemente entender as diferenças entre ele e o povo da superfície, se esforça ao máximo para viver em paz, e se sente culpado quando tem que lutar ou tirar vidas.
Praticamente todas as histórias às quais fomos apresentados anteriormente serão deixadas de lado, e o autor dedicará o livro todo a explorar a evolução pessoal de Drizzt, entendendo seu papel no mundo e decidindo quais serão seus movimentos futuros.
Drizzt não é bem recebido pela maioria do povo da superfície, e o medo do desconhecido (ou do diferente), leva à violência. Sendo assim, o protagonista não precisa apensas se adaptar a um lugar diferente, mas também lutar pela própria sobrevivência diversas vezes.
Seremos apresentados a muitos personagens de núcleos diferentes, representando as raças existentes na superfície. Alguns personagens até são interessantes, mas, de forma geral, nenhum deles se destaca muito. Geralmente gosto de falar sobre cada personagem de forma individual, comentando suas personalidades e arcos dramáticos, mas acho que não conseguirei fazer isso dessa vez.
Porém, mesmo que não sejam individualmente complexos, senti que todos carregam um certo significado, representando um povo ou um perigo diferente que Drizzt deve enfrentar, o que também nos ajuda a conhecer melhor os povos da superfície.
Felizmente, temos um personagem que se destaca bastante, que é um homem chamado Montolio, que se tornará o mestre de Drizzt.
Montolio é um homem velho e sábio, que já passou por muitas coisas ao longo da vida e aparenta ter um espírito evoluído. Ele se aproxima de Drizzt sem sentir medo e apenas com a intenção de ajudar. Acredito que ele vê muito de si mesmo no elfo.
O aprendizado com Montolio faz com que Drizzt evolua ainda mais, e comece a se questionar a respeito de questões filosóficas e existencialistas, como seu papel no mundo, seus planos para o futuro, sua moralidade, a ambiguidade entre o que é definido como "bem" e "mal", religiosidade, etc.
Gostei muito de alguns momentos mais calmos e reflexivos que temos entre Drizzt e Guenhwyvar, onde ele se recorda do momento em que se conheceram, como a pantera negra está do seu lado há anos e é com certeza o ser vivo mais querido por ele.
Mas preciso fazer uma reclamação seria: estou sentindo falta de boas personagens femininas. Temos sim várias mulheres nessa série, mas todas são totalmente vilãs e inimigas de Drizzt.
Os poucos amigos que o protagonista fez ao longo do caminho foram todos homens, e me pergunto se em algum momento ele fará amizade com mulheres. Mas sinceramente, estou achando que a se uma mulher entrar para esse grupo, será apenas como interesse romântico.
Esse é com certeza o livro mais profundo da trilogia, mas também me pareceu ser o livro que menos tinha história para contar.
Senti que não havia um enredo sólido como história de fundo, fazendo com que a obra parecesse um amontoado de cenas aleatórias conectadas por uma linha muito frágil. Sem falar que o autor abandonou completamente alguns arcos políticos interessantíssimos.
Em termos de desenvolvimento de personagem e construção de mundo, esse livro tem muito a oferecer, mas como uma história individual ou conclusão de trilogia, me pareceu um pouco fraco e sem rumo.