Carous 22/11/2021Vestibulando não vive, sobrevive.Espero que os contos sirvam de consolo para os vestibulandos por aí.
Confesso que as histórias não foram relevantes para mim porque já passei dessa fase traumatizante (e traumatizada) graças ao bom Deus e não a desejo a ninguém. É um desejo inútil porque o vestibular chega para todos e nenhum emocional sai intacto.
Porém achei muito delicado da editora e muito simpático das autoras criarem histórias confortantes tendo o vestibular e cursinhos como pano de fundo.
Todas as pessoas envolvidas na publicação da coletânea também enfrentaram essa temerosa etapa e nota-se. Não só pela segurança da escrita, mas pela naturalidade que as questões das protagonistas são levantadas e conduzidas.
Os contos me levaram de volta ao terceiro ano e senti de verdade aquela vibe de cursinho pré-vestibular.
Não me identifiquei com as meninas porque minha família foi extremamente sensata comigo, me apoiando incondicionalmente e me assegurando que estava tudo bem não passar de primeira, estava tudo bem fazer cursinho ano que vem e eles pagariam o melhor para mim, estava tudo bem não seguir a carreira que eles desejavam pra mim ou seguir os passos deles. Sei que esse apoio foi importante para mim pelas vezes que tive que consolar minhas amigas e colegas que eram pressionados em casa pelos pais e familiares.
E imagino que exista muitos outros vestibulandos na mesma situação. E todas as mensagens dos 4 contos são claras: faça o que achar melhor para você e faça no seu tempo. Não é fracasso não passar, não é fracasso almejar outros arranjos profissionais.
Somos muito crianças e imaturos para escolher tão cedo o que faremos a vida toda e também está tudo bem mudar o rumo no meio do caminho.
Não vou entrar em detalhes sobre cada um dos contos porque não tenho muito a comentar, mas deixarei a nota que dei para cada um deles. São bacanas, leves.
Umas autoras eu já conhecia e até já li outras histórias, então reconheci a escrita delas: outras foi a primeira vez que li algo e me estimulou a conferir outros livros.
Os contos 1 e 2, além do clima de vestibular, se estendem em outros aspectos da vida de Vitória e Júlia. Não perdem o foco, mas falam de namorado e família e amigos. O conto 3 nem sai das paredes do cursinho e é um monólogo motivacional sem fim entre Karen e suas 2 amigas.
O conto 4 foi o único que destoou dos demais. Mas não reclamo porque sua mensagem foi boa. É um conto voltado para jovens de 20 anos que já se formaram, já são adultos, mas estão perdidos. Mostra o outro lado da moeda.
Ele encerra a coletânea, o que faz sentido.
Conto 1: "Uma lição de Victória" (Aimee Oliveira) - 3,5
Conto 2: "Miçangas" (Clara Savelli) - 4
Conto 3: "Múltipla Escolha" (Bruna Ceotto) - 3
Conto 4: "Tábula Rasa" (Bruna Fontes) - 3