Lili Costa 14/05/2020
Um desabafo sobre romantizar relações abusivas...
Primeiramente, Abuso não é AMOR!
Preciso desabafar sobre a minha última leitura.
Terminei de ler Medicine Man ontem e já fazia um bom tempo que não me sentia tão mal lendo um livro...
O livro gira em torno da Willow, uma garota de 18 que tentou suicídio e que agora está internada num hospital psiquiátrico onde conhecer o psiquiatra Simon Blackwood.
A autora resolveu abordar um tema bem delicado e que sinceramente merece toda a atenção nos dias atuais, a depressão.
Mas, gente!
Eu fiquei horrorizada com a maneira da autora romantizar os abusos em cada parágrafo dessa história.
O psiquiatra é escroto, machista e abusivo.
A autora construiu uma história de "amor" onde a mocinha é "abusada" a cada encontro. Willow é perturbada. Chora todo o momento, lendo, jogando com os amigos, em seus tempo livre, ao adormecer e até mesmo quando está fazendo sexo com o tal do Simon ela chora. CHORA!
Ela é virgem. Na primeira vez dela, o dito cujo não usou camisinha. No dia seguinte ele aparece com a pílula do dia seguinte e com esta explicação. "- Você sabe quando percebi que eu fiz besteira? - ele engole. - Quando acordei com o seu sangue no meu pau."
Eu pensei que mais adiante a história mudaria, entretanto, a minha decepção foi ao nível mais elevado ao perceber que a romantização do abuso só aumentava conforme avançava nos capítulos.
O relacionamento tóxico chega num ponto horrível, eles terminam. Simon vai embora do hospital enquanto a mocinha tem um surto. Alguns meses depois, quando Willow está seguindo em frente, o filho de uma égua retorna das terras distantes. Ele persegue a mocinha em todos os lugares de forma minuciosa. Chega a fazer uma tatuagem com as iniciais da Willow sobre seu peito. Ao que ela acaba por aceitar as suas desculpas...
Eu fiquei bem triste e revoltada lendo esse livro. Sofro com depressão desde os meus 12 anos e sei o quanto isto é difícil. Portanto, perceber que a Willow estava a sofrer e que Simon não fazia nada para ajudar, a não ser pensar em fod&?# mais com a vida dela foi de todo decepcionante.
Para além disto tudo, Willow não foi a primeira "vítima" de Simon. Alguns anos atrás, ele se envolveu com uma paciente bipolar do hospital onde residia. Eles tiveram uma relação conturbada, posteriormente acabaram. A Claire não estava mentalmente preparada para aquele término, então se envolveu num acidente de carro e acabou por ficar em coma por um tempo e depois faleceu.
No mais chego a constatar que Simon também necessitava de um bom acompanhamento com psicólogos, psiquiatras. Como é que alguém psicologicamente mal cuida da saúde mental de outra pessoa?
"O nome dela era Claire. Ela era minha paciente. Era bipolar, como a minha mãe. Tive muitos pacientes assim, mas algo nela me lembrou a maior parte de minha mãe. Talvez porque ela estivesse sozinha. Seus pais haviam desistido dela. Seu noivo a havia deixado. Quando ela veio até mim, estava muito doente, e eu queria consertar isso. Eu fiz tudo que pude. Passamos por uma dúzia de terapeutas, mudanças de médicos e mudanças posológicas. Fiquei obcecado em salvá-la. [...] Quando percebi que o que eu estava fazendo com Claire estava errado, era tarde demais. Ela ficou completamente dependente de mim. Havia rumores por toda parte. Eu disse a ela que a ajudaria na transição. Lembro-me da noite em que lhe disse que deveria ver outra pessoa. Estava chovendo. Eu tinha uma lista dos candidatos que ela podia ver em vez de mim e discuti todas as opções dela com ela. Ela parecia bem quando saiu. Ela estava sorrindo, até. E então, uma hora depois, recebi a ligação de que ela havia sofrido um acidente de carro. Eles culparam o mau tempo. Eles disseram que ela provavelmente não conseguia ver para onde estava indo. Ou o pneu deve ter derrapado para o carro bater contra a árvore. Mas eu sabia. Eu sabia que isso aconteceu por minha causa. Se eu não estivesse tão obcecado em salvá-la e ser melhor que meu pai, ela estaria viva hoje."
O livro aborda um tabu, diferença de idade. Ela com 18 e ele com 33. Olha, não tenho preconceito quanto a isto. Se o romance for construído de forma coerente, não tenho nada contra...
Mas... Eu pensei que já tinha visto de tudo no livro até chegar no epílogo.
O casal tóxico resolve ter uma filha.
A menina tem 3 anos e está apaixonada por um adolescente de 17 anos!!!!
Foi a cartada final para odiar o livro com todas as forças.
Três anos!? Gente, o que uma criança de três anos sabe sobre paixão?
Pelo amor! Eu não sei mais o que pensar sobre este livro. No mais penso que sou um ET, pois no Skoob todas as resenhas são positivas.
Até o momento estou me perguntando o que leva alguém escrever algo tão tóxico!?
Segue abaixo apenas alguns trechos do livro, tenham cuidado. Pode ser altamente venenoso.
X X X X X X X X
"Dean ama Fallon. Na verdade, ele é superprotetor dela. Ele não pode vê-la chateada ou chorando. Ainda bem que ele não estava aqui quando ela estava fazendo birra. O garoto não teria gostado.
Na maioria dos dias, Fallon não dorme a menos que ela ouça a voz dele no telefone. Além disso, precisa vê-lo todos os dias ou fica realmente incontrolável."
"Não sei qual garoto de dezessete anos é o melhor amigo de uma garota de três anos, mas acho que Dean é diferente. Talvez porque esteja cuidando de sua irmãzinha há tanto tempo. Mas, mesmo assim, acho que ele não esperava ser a primeira paixão da minha filha."
"Ah meu Deus, ela vai enganá-lo. Não vou mentir. Estou meio orgulhosa da minha filha."
"Limpando a garganta e controlando o riso, digo: - Querida, acho que terá que perguntar a ele.
Seus olhos ficam ainda mais arregalados, se possível, e ela pula para cima e para baixo. - OK! Vou perguntar agora.
Ela está pronta para correr até ele, onde ele está conversando com o Dr. Martin, mas eu a paro. - Fallon, acho que deveria esperar. Porque...
- Mas mamãe, eu tenho um plano.
Eu desconfio. - Qual plano?
- Vou pedir um presente para ele. E ele tem que me dar, porque é meu aniversário.
- Que presente, querida?
- Vou pedir que ele se case comigo. - Quando ainda não entendo, ela diz, exasperada, como se eu fosse a criança: - De presente, boba! Vou pedir que ele se case comigo como um presente."
" Ele aperta meu pulso, mais forte do que nunca, e um pequeno gemido me escapa. Ele não me solta, no entanto. Ele me observa se contorcer. Ele aumenta a pressão e não relaxa.
Na noite em que ele tirou minha virgindade, ele me disse que eu não queria vê-lo perder a cabeça. Eu acho que é isso que ele quis dizer. Essa violência. - Simon, por favor, você está me machucando.
Foi quando ele me soltou. - Agora, saia daqui.
Eu esfrego o meu pulso e permaneço firme. - Você fez isso de propósito. Você deliberadamente tentou me machucar. Eu sei disso. Você não é assim. Eu já vi todo você."
"Até pensei em ligar para minha mãe, o que por si só mostra como eu estava exausta. Eu nunca ligo para minha mãe por ajuda. Principalmente porque ela acha que minha vida é uma série de más escolhas. Além disso, Simon odeia se eu a procurar por essas coisas.
- Você está vindo até mim para tudo e por qualquer coisa a partir de agora. Você entendeu? Ele me disse uma vez."
" Isso é o que foi. Foi isso que você sentiu. Um homem no cio. Um homem que gosta de xoxotas apertadas. Não sei mais o que explicar para você. Quanto mais claro eu posso ser, mas é isso, entende? Foi fenomenal pra caralho, mas foi só isso. Foda."
" - Você é louco.
- Sim.
- E um perseguidor pervertido.
-Sim. Isso também."