Eduardo Rockwell 27/02/2023
FILHA DO CÃO.
Entre erros e acertos, uma boa forma de se entreter num terror brasileiro, escrito por um brasileiro, de 192 páginas.
Começaremos falando do grande acerto de todo o livro: a história em si.
A ambientação no Brasil, pra mim, foi certeira, principalmente quando começa a se desenrolar no Centro de São Paulo, pois como moro na cidade, pude ver um filme se passando em minha mente.
Os personagens são ótimos, mesmo que muitos deles sofram de pouco aprofundamento e falta de personalidade, já que a história é BEM CORRIDA. O resultado é que não consegui me importar com quase nenhum verdadeiramente.
Mas continuando sobre a história... Ela provavelmente não é nada do que você pensa! Mesmo lendo a sinopse, ela se resume a primeira parte apenas (o livro é dividido em 3 partes), o que foi uma grande surpresa, pois a partir da segunda parte passamos a acompanhar outro personagem! Assim como na terceira parte! Mas todas tem como base o mesmo enredo, só mudando de perspectiva.
A bruxaria é o tema principal, e os rituais são mesmo tenebrosos, mas não me senti muito impressionado com a forma que somos introduzidos a ela, é bem mais ou menos, meio que um "é isso aqui, e é assim mesmo", sem muito aprofundamento, como se estivessemos lendo um conto que explica apenas o basico. Um exercício de imaginação.
A primeira parte é MUITO CORRIDA, e a protagonista da capa acontece na história muito rapidamente, considerando que ela permeia o enredo do livro todo, senti que faltou algo muito grande, não deu tempo de sentir medo e acreditar nesse medo. Talvez se o lado obscuro de seus pensamentos fossem mais trabalhados, isso estaria resolvido, mas ela começa a ser má com alguns personagens e a revelar que é má sem que haja um motivo aparente. Sobre a vingança, OKAY, mas sobre a maldade com todo o resto, foi forçado.
Já a segunda parte é muito boa. Não vou dar spoiler, mas quem protagoniza essa parte é quem mais deveriamos odiar, e por algum motivo, no decorrer dos acontecimentos, me senti mais próximo dele do que da Bruxa. O desenrolar da história é bem delineado e consegue assustar BEM MAIS que a parte anterior. No fim se tornou minha parte favorita... Junto da terceira! Que novamente, muda de perspectiva, e vem logo depois de uma GRANDE REVELAÇÃO que nem chega a ser revelada, só iremos descobrir o que houve mais pra frente.
Aqui que iremos ver os principais plots acontecerem de forma fenomenal, não senti que o autor forçou nada, no fim estava tudo bem costuradinho. E o final achei de milhões!
Eu poderia parar por aqui mesmo, você compraria o livro e seria feliz... Mas nem tudo são flores.
Sabe o aprofundamento que cobrei acima? Então, tudo isso provem DO MAIOR PROBLEMA QUE ESSE LIVRO CARREGA, e que na minha opinião tira o brilho da obra, OS DIÁLOGOS! Eles são simplesmente o Pé de Aquiles do autor. Totalmente forçados, irreais e amadores, do tipo que você lê e sabe na hora que ninguém fala daquele jeito, e que poderiam ser BEM MELHORES, BEM MELHORES MESMO!
Sempre que eu tava envolvido na história e gostando pra caramba, o personagem abria a boca e estragava tudo, ai a história continuava legal, e o personagem abria a boca mais uma vez... Sem falar que o autor foca tanto nos acontecimentos e no que vem a seguir, que o personagem fica em segundo plano, sendo apenas um fio condutor sem personalidade, pois creio que isso deveria ir mais além do que se resumir em ser bonzinho ou mau.
Sem falar que de forma geral, a história parece um tanto quanto vazia, tudo se passa tão rápido que nem dá tempo de nada, não se cria uma atmosfera palpável, tudo é meio superficial.
Se o Danilo resolvesse relançar "Suprema - Edição com Novos Diálogos e Mais Aprofundada" eu seria o primeiro a comprar! Hahaha Mas como sei que não vai rolar, já deixo o aviso para os próximos leitores.
A história é ótima! Eu amei de verdade, mas esse problema com os diálogos, com a personalidade dos personagens e com a superficialidade da atmosfera geral, faz parecer um livro amador...
O autor até agradece no fim ao amigo leitor beta dele, dizendo que ele não tinha medo de falar quando tava indo bem ou não, mas acho que ele teve medo sim... Hahaha
Boa leitura!