Fê 07/09/2020
O Machado de Assis inglês.
Embora não seja tão conhecido quanto Jane Austen e Charles Dickens, William Makepeace Thackeray é considerado um dos grandes gigantes do romance inglês. "Vanity Fair", publicado em 1848, é sua obra-prima. Ambientado do começo dos anos 1810, cobrindo a batalha de Waterloo, até meados dos anos 1830, o prelúdio da era vitoriana, o romance narra a história de duas jovens amigas: Rebecca Sharpy e Amélia Sedley. A primeira, órfã, filha de um pobre pintor e de uma emigrante francesa, é notável por sua astúcia, encanto e sagacidade, que a levarão, pouco a pouco, a ascender socialmente, fazendo jus ao próprio sobrenome: "Sharpy" . A segunda, filha de comerciantes ricos, representa, ao contrário de sua amiga, a inocência e a pureza. Tais qualidades, embora louváveis, a levarão a atravessar grandes provações durante o curso da narrativa.
Thackeray, como um bom romancista inglês, abusa do humor e da ironia. Seu estilo pode ser comparado com o de Machado de Assis, embora o inglês seja mais prolixo, mais verborrágico e menos econômico que o brasileiro. Para além do estilo, assim como Machado, Thackeray consegue descrever com maestria como o orgulho, o egoísmo, a ambição e a vaidade podem arruinar a alma do ser humano e afetar, negativamente, a vida das pessoas a sua volta.
Sem embargo, para além de ser um grande romancista verbal e moral, Thackeray também se destaca como contador de histórias. Seu estilo narrativo, em alguns momentos, é parecido com o de Gabriel Garcia Márquez no que tanje aos saltos temporais, ocorridos nos capítulos, de modo a deixar a sensação de que a história avança rapidamente, de um acontecimento para o outro, sem longas descrições e sem enchimento de linguiça (no tocante a cenas e diálogos).
Pessoalmente, Thackeray causou-me maior impressão do que seu contemporâneo Charles Dickens. Todavia, talvez essa seja apenas uma questão de gosto pessoal.