Lauraa Machado 05/01/2022
Fiquei entre dar 2 estrelas ou 3 e só o final ajudou a aumentar
Esse é o livro mais caro que eu já comprei na vida. Fiz questão de encontrar a edição britânica em capa dura, porque era a capa que eu queria e porque eu jurava que ia amá-lo mais que tudo. Pela sinopse, é claro, mas principalmente por indicações de pessoas em quem confio demais! Por isso, talvez ele seja uma pequena decepção, já que eu esperava bem mais. Não é um livro ruim, nem nada assim, mas acho que nunca vou querer reler ou vou ler outro livro da autora. Ele tem um estilo que definitivamente não bate comigo.
Vou tentar explicar melhor! O livro começa sem explicar nada, com histórias paralelas à principal, do Zachary, e eu adoro isso. Adoro ficar perdida no começo e depois ir juntando os detalhes, é verdade. Mas acho que a autora fez isso demais neste daqui, deixando tudo vago quase o tempo inteiro, usando metáforas até na hora de explicar as coisas e nunca dizendo nada claro e específico. Acho que é muito fácil dizer que é mágica e que simplesmente acontece, porque aí ela pode se livrar de ter que criar um universo com lógica e não deixar buracos. Mesmo depois de terminar o livro, eu continuo com a sensação de que nada é concreto e que a própria autora não criou regras para nada do livro. Não gosto de histórias em que tudo é possível e aceitável, prefiro ter uma noção melhor dos limites dos acontecimentos e dos personagens antes do climax, para ter pelo que torcer e me sentir mais investida na história.
Mas isso é algo mais pessoal e nem é uma das razões para eu ter pensado muito antes de decidir a nota que daria para esse livro. Eu gostei do final e da razão de tudo, ainda que ache a razão muito fraca para sustentar a história, por isso minha nota é 3,5. Senão não fosse por isso, teria dado 3 no máximo.
Primeiro, por causa dos personagens. Eu realmente achei que poderia confiar cegamente que esse livro teria personagens complexos, mas todos são bastante superficiais. Zachary, por exemplo, além de não ter desenvolvimento nenhum pela história, era para ter alguma substância, para invocar algum tipo de empatia no leitor, para ter alguma emoção tocante durante o livro. Não teve nada. Ele acaba mais ou menos como termina, e eu não consegui me importar direito com ele. No começo, queria demais gostar dele e até gostava, porque acreditava que mais estava por vir, que logo eu sentiria que o conhecia, que ele se mostraria tridimensional e complexo. Essa foi a minha maior decepção.
Eu não estava esperando que tivesse romance, mas quem estiver vai se decepcionar também. O interesse romântico dele é de fato interessante de cara, mas eles mal interagem e logo estão falando que estão apaixonados um pelo outro e isso não faz o menor sentido! Eles mal interagem depois disso também! Mas até que eu entendo que a autora não conseguiu desenvolver uma emoção humana, já que os próprios personagens eram bem superficiais.
Também esperava mais da Mirabel depois de ela aparecer, apesar de ter me surpreendido com a Kat no final. Me surpreendi, na verdade, por ela ter mais importância do que eu imaginava.
Outra coisa que me incomodou demais foi a sinopse, que me prometeu aventura e emoção, ser tão diferente do livro. As coisas acontecem com Zachary, ele nunca toma uma atitude porque quer, nunca se arrisca por vontade própria ou toma uma decisão sozinho. Eu achei que ele embarcaria numa aventura daquelas que te faz querer participar, em um mundo mágico e encantador. Mas, para falar bem a verdade, todo o Harbor (não sei como traduziram) me pareceu meio inútil. Sim, eu amo histórias e livros, mas Zachary nunca pareceu curtir e se divertir lá tanto quanto ele se divertiu com as comidas. Então, foi difícil eu mesma me divertir.
Acho que os caminhos diferentes no final ficaram muito confusos à toa, só porque a autora gosta de deixar tudo vago, não explicar nada e nem usar as palavras certas para descrever as coisas. É tudo em metáfora e floreio desnecessário. Mas se eu ignorar a escrita dela, admito que gostei do que aconteceu realmente.
Foi a escrita dela, aliás, que me fez querer dar nota 2 para o livro ou talvez menos. Nunca tinha lido um livro com a narrativa tão desconfortável e forçada na minha vida! Ela tentou demais soar inteligente e única, mas não funcionou de jeito nenhum! Muito pelo contrário, dava para ver que estava forçado, nada soava natural e acabou incomodando em vez de cativar. Isso criou uma distância entre o que acontecia e o jeito que era narrado que me impediu de vez de me conectar com a história ou qualquer coisa desse livro. Pela escrita pretensiosa e forçada dela, nunca mais quero ler nada dessa autora.
A falta de carisma e naturalidade da escrita da autora afetou demais as histórias paralelas, na minha opinião. Elas são todas muito picadas, sem quase nada de informação e que só importam muito mais para a frente, quando eu já nem me lembrava direito delas. Mas se elas tivessem sido narradas de um jeito mais charmoso e cativante, tenho certeza de que teriam marcado e instigado, não se tornado algo que eu queria ler por cima só para falar que não pulei. Acho que esse livro teria funcionado bem melhor se tivesse sido bem editado ou escrito com menos intenção constante de não falar nada claro. Mas confesso que não consigo imaginar a autora, pelo que conheci dela com ele, fazendo jus à sua própria ideia e a desenvolvendo com emoção, carisma ou diversão.
O livro em si não é ruim, acho que ainda recomendaria, mas não vai esperando nada que vai mudar sua vida (como eu fui), nem um livro excelente que te faça querer viver nele. Acho que a ideia era muito boa, se ao menos Zachary tivesse sido mais cativante, se a escrita fosse mais natural e tudo tivesse um pouco mais de carisma. Se os personagens fossem mais humanos, se eles mesmos tivessem se divertido ou sentido alguma urgência ou propósito, se eles parecessem querer fazer parte da história, acho que eu iria querer também. Do jeito que ficou, é um livro bom, mas que poderia ter sido bem melhor.