Lista de Livros 22/12/2013
Cartas do Front: relatos emocionantes da vida na guerra – Andrew Carrol (org.)
Parte I:
“Tua pátria precisa de ti. Teus quatro irmãos morreram para defendê-la. Se não vieres, não mais o considero meu filho. Não admitirei covardes na família.”
(Uma mãe francesa de St. Pierre, escrevendo ao filho em novembro de 1914.)
*
*
*
"Sem dúvida, deves ter pensado que me esqueci completamente de ti. Se tais pensamentos ocuparam tua cabeça, espero que me perdoes, pois estive muito mal. Ainda agora tenho tremores nas mãos. Empreendi fugas maravilhosas. Fui ferido na perna por estilhaços de bombas, mas eram apenas feridas na carne. Algumas vezes, o impacto me arrancava o capacete e logo eu apalpava a cabeça em busca de sangue, porém o mais próximo disso que cheguei foi quando uma bala atingiu meu rosto e cobriu de sangue a túnica, e outra bala arrancou-me todo o cabelo da sobrancelha deixando apenas um pequeno arranhão. Como é estranho ver sangue, nosso próprio sangue, quando você está bem no meio de tudo isso. É claro que me envolvi em algumas dificuldades e agradeço a Deus por estar vivo para contá-las. Por vezes, foi simplesmente aterrador. Que estranho modo de vida este de estar entre bombas e balas, noites e dias sem dormir. Eu costumava passar mal diante da funesta visão de corpos caídos ao redor, com uma cabeça a rolar sem corpo, pernas e braços por toda parte, muitas vezes tomei nossos próprios mortos como escudo. Quando os turcos tentavam me acertar, a bala se chocava com o corpo à minha frente: Oh, Gill, isto é o inferno na Terra. Talvez o inferno possa ser ainda pior, mas, na verdade, não acredito que o seja."
(Frederick C. Trenne, um soldado neozelandês, escreveu em 12 de janeiro de 1916 a seu amigo G. Harry Gillespie sobre o combate em Galípoli.)
*
*
*
Mais em:
https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2013/08/cartas-do-front-relatos-emocionantes-da.html
*
*
XXXXXXXXXXXXXXXX
Parte II:
“Apenas uma nota. Estou prestes “a galgar o parapeito”, e as chances de um oficial subalterno voltar vivo para casa são praticamente nulas. Mas, caso consiga, pode soltar uma daquelas gargalhadas estridentes. Caso contrário, esta a fará saber que bati as botas. Então, anime-se, minha velha, e não permita que os jornais a usem como matéria para uma edição de domingo. A senhora conhece o tipo: aquela em que a mãezinha de “rostinho delicado, cabelo grisalho, com a última carta do filho junto ao peito, choraminga ‘ele era um bom menino’, enquanto furtivamente enxuga as lágrimas dos olhos luzidios com um pano de prato etc. etc.” Seu filho é um soldado e um soldado danado de bom, é o que ele diria se pudesse. E, se for abatido, estará fazendo seu maldito trabalho. Então, é isso.”
(O soldado canadense Hart Leechm escrevendo à sua mãe durante a Primeira Guerra Mundial. Leech foi morto pouco depois.)
*
*
Mais do blog Lista de Livros em:
site: https://listadelivros-doney.blogspot.com/2021/04/cartas-do-front-relatos-emocionantes-da.html