Resenhas - A Menina que Ninguém Queria

San... 01/08/2014

Fechando o bimestre com uma leitura que me deixou numa ambiguidade profunda, sem saber se me sentia horrorizada, triste, indignada... Talvez o certo é que todas essas emoções derivadas da ira deslizaram junto com a leitura. Num primeiro momento, o contato com toda a sordidez que envolveu a infância da autora me estarreceu e a inércia da igreja católica, através de seus padres e freiras, me envergonhou. Depois, as lutas travadas na fase adulta por aceitação junto aos pais e irmãos sanguineos espelharam a completa ausência de auto estima, o despreparo de quem não contou com o respaldo psicológico necessário. Também deu mostras da venalidade de referida familia, do oportunismo da maioria de seus membros. A autora acabou realizando-se profissionalmente, vindo a ter uma vida bem mais estabilizada do que se suporia por seu passado abjeto, entretanto, sua mente e suas emoções, pela carência do apoio psicológico imprescindível, são alquebradas, frágeis... O reflexo do passado nega-lhe uma vida plena e é lamentável que, sendo a única prejudicada ainda assim é a única punida pela falha de tantos...

marcilivros 29/07/2010

Resiliência
Estava bastante ansiosa para iniciar a leitura desta obra, após ter lido sua sinopse aqui no Skoob, mas ao mesmo tempo, tinha um sentimento de medo de começar, pois temia, diante do que havia lido, o que iria encontrar. Confesso que iniciei, li a primeira página e por dois dias relutei; depois, voltei e foi difícil seguir em diversos momentos. Mesmo no final esta história esmaga-nos, paralisa-nos. Maior do que tudo o que sofreu Celine, é a hipocrisia de pessoas e instituições; o estigma que invalida, que incapacita, que desumaniza. No entanto, em meio ao sofrimento, a resiliência é o ponto-chave, é o que impulsiona esta mulher em sua batalha por ser, por resgatar-se, por sobreviver. É para ler e refletir no quanto há ainda a nossa volta e que às vezes preferimos pensar que não temos nada a ver com o assunto.