BellPolveres 20/04/2023
Merece um filme.
Não estava tão empolgada para ler por causa críticas severas que ouvi, mas foi surpreendentemente bom! Confesso que abri o livro esperando algo sangrento com várias pessoas sendo caçadas por esporte; algo mais mórbido. Mas não é assim, digo até que a coisa toda é mais psicológica em grande parte do livro, o que posos ver decepcionando muitas pessoas que venham esperando algo como "Jogos Vorazes, "Battle Royale", ou aquele filme "A caçada" (The Hunt, que aliás não tem nada a ver com esse livro apesar do nome parecido). Essa temática diferente do que eu esperava nem chegou a ser um incômodo de verdade, já que a escrita da autora e a forma menos sangrenta mais cheia de suspense me cativou bem rápido.
O começo do livro tem um ritmo com com os eventos passados sendo narrados de forma que o ambiente e os personagens com suas características nos sejam apresentados muito bem, e esse ritmo é mantido até o final. A construção das cenas junto a isso criou em vários momentos sensações bem destacaveis de tensão mesmo sem que fosse algo de perigo "real". Você não teme pela vida dos personagens, já que, aliás, o livro deixa claro desde a primeira pagina que a história está sendo contada como um relato passado em primeira pessoa, mas, ainda há um incômodo persistente pelo bem estar deles.
Os personagens são legais, a Greer (Um momento para dizer mencionar que o nome dela é Greer McDonald...hm) Como narradora é muito divertida com todas as suas referências cinematográficas e eventuais quebra de quarta parede, toda vez que ela citava um filme que eu conhecia eu me sentia o Capitão América naquele meme "Eu entendi a referência".
A discussão sobre os malefeitos e benefícios da tecnologia em contraste com o a visão puritada e conservacionista do ponto de vista de pessoas privilegiadas é, ao mesmo tempo de se pensar, e bizarro o suficiente para dar aquela sensação sinistra.
Ah, e, talvez seja algo estranho de se comentar em um thriller, mas todas as descrições vividas e os cenários, toda a "vibe" foi muito agradável (o que cheguei a pensar que foi um artifício proposital para adicionar a sensação de "têm alguma coisa errada", sendo usado como algum tipo de contraste com o conforto do cenário). Aliás, me pergunto se esse livro se encaixa naquela categoria de "Dark Academia". (Instituição acadêmica com aparência antiquada? Check. Críticas sociais sobre privilégios? Check. Aquela vibe de papel velho, madeira, couro, roupas de lã com estampas xadrez e café? Check).
A pior parte, talvez, seja que o final aberto com uma espécie de cliffhanger, sendo que nenhum outro livro da série de cinco livros foi traduzido, mas isso por si só não diminuiria minha nota de um 4 para um 3.5 (que deve ser interpretado mais como um 3.75), o fator determinante para essa queda de nota foi todo o desfecho em sí, os últimos capítulos, que me incomodaram de uma forma difícil de ser descrita, mas que vou resumir como decepcionante. Não pela falta de sangue, mas pelas revelações e suas repercussões e a forma como tudo foi "fechado".