Moedor de Carne

Moedor de Carne Eduardo Lisboa




Resenhas - Moedor de Carne


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Fábbio (@omeninoquele) 16/05/2020

O quotidiano em versos.
《#OMeninoResenhando》
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❝Ele costurou as saídas do coração prendendo o ar dentro e me deu. Fazia isso quando era criança. Sentamos num degrau com canecas de café e ficamos esfregando nossos pés no piso de pedra.❞
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Formado por 64 contos em formato prosa, "Moedor de Carne", de Eduardo Lisboa retrata o cotidiano. São pequenas coisas diárias que são narradas nos seus contos e que ganham um significado maior, de acordo com a experiência de vida de cada leitor.
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Os personagens dos contos são pessoas comuns, que moram sozinhos, sentem falta de alguém, narram situações banais como faxinar a casa ou aprender um novo idioma, e por isso as histórias representadas, são bastante subjetivas a cada pessoa, e exprimem reflexos de épocas que vão da infância a vida adulta, sendo quase incapaz de o leitor não se sentir nostálgico enquanto lê. Se há uma crítica social por trás dessas histórias, eu acredito que sim, e pude captar isso entre uma metáfora e outra mas não foi algo que prevaleceu durante a leitura. Essa coletânea é algo mais sensível e caracterizada por ações repetitivas do nosso dia a dia que no geral ganha mais significado.
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A construção de estilo do livro é bastante minimalista, misturado com traços da arquitetura, formação do escritor, o livro torna-se quase uma obra de arte a ser apreciada. Os contos não têm muito revelações ou reflexões de autoajuda ao leitor, é mais fatos do dia a dia, com algumas composições enigmáticas que evocam significados que ampliam o texto e a experiência pessoal de cada um.
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Sobre o moedor de carne a metáfora correspondente ao título, essa faz mais alusão às nossas vivências, como se nossa existência estivesse remetida sempre a estar num constante mudar e o moedor simbolizasse o meio pelo qual acontece a mudança, é como se estivéssemos toda nossa existência passando por um moedor e é ele que nos molda.
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Se você curte essa premissa mais subjetiva de escrita, com uma narrativa enigmática e muito sensível, "Moedor de Carne" é uma ótima pedida.
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❝Enquanto procurávamos uma vaga no estacionamento resolvemos que simularíamos a morte de um de nós, quando chegássemos em casa. Seria a minha. Morreria enquanto dormia. Acordei morto.❞

site: https://www.instagram.com/p/CAOQph4DKvv/
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Toni 26/08/2019

Via de regra não gosto de livros de contos, especialmente quando parecem filhos que não conversam entre si forçados a sentarem juntos à mesa de quem os criou, para citar o Machado. O desgosto, no entanto, é sempre quebrado quando existe uma coerência temática, um risco narrativo, um atrevimento (mais do leitor que do próprio autor) que permita ler a coletânea como um romance em potencial. Tomado de uma forma ou de outra, ‘Moedor de carne’ é exemplo desse segundo grupo, composto por 64 narrativas curtas que parecem ter o mesmo narrador incorpóreo, o mesmo agora diáfano, a mesma espacialidade insolúvel.
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Com essa chave de leitura (os contos-romance), o título do volume abre inúmeras possibilidades interpretativas, voltadas principalmente à banalidade massacrante de nossas relações interpessoais, ou ainda como nos relacionamos com os espaços e as coisas ao redor. Flertando ora com o absurdo, ora com um profundo estoicismo, a escrita de Eduardo Lisboa dispensa o supérfluo para apresentar um universo (quase) desnudo de sentimentos e adjetivos, reforçado, aqui e acolá, por intervenções gráficas minimalistas do próprio autor.
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Não espere encontrar, a cada conto, uma revelação, insight ou lição de auto-ajuda. As narrativas de 'Moedor de carne', muito como nosso dia-a-dia, trazem uma normalidade desconcertante, semelhante demais ao que você fez ontem, às ”horas nuas” de solidão, àquela dissolução surpresa experimentada numa atividade completamente ordinária. Aí mora o perigo, claro: quando o mundo de poucas palavras do texto colide com nosso arsenal diário de excessos, fica difícil desmanchar a sensação de que tudo parece moer, inexoravelmente, nossa carne já tão fustigada.
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Gabe | @cafecomgabe 18/08/2019

Sensível
Nesta coletânea de 64 contos, somos apresentados ao lado mais simplista da vida.
Diversas narrativas do cotidiano de pessoas como eu ou como você. Pessoas que estão saindo de boates, que estão indo ao encontro de outras pessoas, que estão trabalhando arduamente, escondendo um segredo, fazendo coisas erradas, acertando na vida ou deixando a vida levar.

Não há grande profundidade neste versos, não à primeira vista.
O leitor de acordo com sua experiência de vida, sua jornada de amadurecimento será capaz de se deixar sentir aquilo que lhe for conveniente ou até familiar. A identificação é singular. Cada qual verá um pouco de si nestes textos e poderá analisar não só a si como os diversos ambientes e pessoas que nos rodeiam.

A sensibilidade nas entrelinhas faz do Eduardo Lisboa uma pessoa que exala empatia pela vivência e convivência não apenas individual mas também em sociedade. A leitura desta obra é uma exercício de autoconhecimento e autojulgamento, por vezes é fácil nos colocarmos na pele destas pessoas e percebermos que consciente ou inconscientemente a vida nos conduz por camadas, as quais fazem ou não sentido mas que no fim nos fez viver um dia após o outro dentro do nosso próprio conceito sobre o que de fato é viver.
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Isabela | @readingwithbells 12/09/2019

Moedor De Carne é composto por 64 contos que retratam muito bem o que poderia ser o nosso dia-a-dia.
Identificamos-nos em alguns contos e em outros podemos encontrar algo fora da nossa realidade.
Eduardo escreve de uma maneira única sobre o indivíduo e suas relações com a sociedade.
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"Os personagens que habitam e narram os contos interagem com as situações banais do cotidiano de forma performática e às vezes absurda. Fazem isso com naturalidade e tédio. O leitor adquire intimidade e imerge nesse conjunto de particularidades que ao longo da leitura vai se moldando e fazendo sentido."
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Mariana Dal Chico 25/09/2019

“Moedor de Carne” de Eduardo Lisboa foi publicado pela editora Humana Letra em 2018.
O autor gentilmente me enviou um exemplar autografado.

A coletânea é composta por 64 contos breves, com situações banais do quotidiano, que por vezes flertam com o absurdo, retrata as relações interpessoais do narrador, que parece ser comum a todos os textos, e a forma como ele reage ao ambiente.

A escassez de palavras, que foram cuidadosamente escolhidas, nos faz refletir sobre situações tão próximas à nossa realidade, mas que por causa da abundância que estamos imersos sem nos dar conta, nos desconcerta.

Mas esse desconforto pode não ser despertado em todos os leitores, é algo que começa com os primeiros contos, cresce conforme passamos as páginas, e o momento de eclosão depende da vivência pessoal de quem está lendo. Enxergar o excesso quando se está acostumado com ele, nem sempre é uma tarefa fácil.

Como me é comum em livros de contos, amei alguns, gostei de muitos outros e poucos não conversaram comigo. A obra no geral me agradou bastante quero ler mais livros do autor.

“Pernas Corrompidas
Dormi no sofá sem escovar os dentes nem tirar a lente.
Acordo com o sol na cara e sem saber andar.
Sonhei que não tinha pernas.
Sinto minhas pernas, consigo mexê-las, mas não tenho a organização de formar o conjunto necessário de ações para andar.
Meus olhos e boca não reagem às situações, mas já estou acostumado a simular expressões quando preciso.”
p. 74

site: https://www.instagram.com/p/B21ci52gBuc/
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Edna 18/01/2020

Carne humana
Moedor de Carne ? @_eduardo_lisboa_

Um livro ilustrado pelo próprio Autor com 64 Contos e Microcontos e você sente o minimalismo bem forte da arquitetura e arte onde emprega traços de sua própria vida, uma escada, banheira, abajur e outros, alguns contos o Autor conta fatos e desnuda os sentimentos e brinca com eles, fatos interpessoais e outros tão marcantes que podemos imaginá-los gravados à tanto tempo, os Personagens que interagem com situações banais do dia a dia, com reflexos de épocas que vão da infância à vida adulta, com uma narrativa direta, atrevida e as vezes leve, alguns contos nos faz refletir, outros nos faz rir e ainda trás nostalgia com sensibilidade em sua escrita, como alguns trechos que separei para compartilhar com vocês que refletem a vida que é como se tivéssemos em nossa existência, passando por um moedor.

#nostalgia ? Barcos de Papel
Saudades da infância, quem nunca fez uma dobradura ?

#sinistro ? Coração de Boi e Pedra dos suicídios
"Os corações ficam num balde..."

#sensibilidade ? O Moedor de Carne
Conto que deu nome ao livro, nos remete à lembrança talvez triste, dever por tanto cuidado.
"O Moedor de Carne deveria ser bonito, manual e fazer barulho.
Procurei bastante por um antigo mas comprei um novo.
Fica no Aparador da sala sobre uma base de madeira.
Sento no sofá com ele no colo e giro a manivela.
Tenho uma imagem dele na carteira e outra no mural do escritório.

#Criticasocial ? Faxina

O problema é no bocal da lâmpada. Troquei de plano de saúde recentemente então preciso esperar vencer a carência para arrumar isso. O risco de choque é grande. ?

#Bagagemliteraria
#Resenhaednagalindo
#resenha
#moedordecarne
#Bookstagram
#Literaturabrasileira
#euleionacional
#recebidos
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