xLeoSaraiva 27/02/2024
"A pobreza liberta [as pessoas] dos padrões usuais de comportamento, assim como o dinheiro liberta as pessoas do trabalho".
"Na Pior em Paris e Londres", de George Orwell, é mais uma obra brilhante e curiosamente ofuscada pelo sucesso de outras duas grandes obras do mesmo autor: "A Revolução dos Bichos" e "1984".
Neste livro, conhecemos uma parte da história do então Eric Arthur Blair, um aspirante a escritor que narra uma trajetória de vida extremamente difícil nos subúrbios das grandiosas Paris e Londres. Ao longo do texto, Orwell não apenas aborda a disseminação da pobreza e da desigualdade enquanto produtos de um sistema econômico, como também discute e problematiza algumas de suas principais consequências, como a fome, a insalubridade urbana e a mendicância.
Um diferencial de "Na Pior em Paris e Londres" em relação a outros livros da obra orwelliana reside no caráter autobiográfico que a história tem. O começo, o meio e o fim da narrativa estão voltados à descrição de um estado de coisas que impressionaria qualquer leitor contemporâneo: desde a más condições em que viviam aquelas pessoas, até a exaustiva jornada de trabalho de quinze a dezoito horas sobre as quais elas estavam submetidas.
Seja por debater a temática da fome, seja por descrever os percalços de uma vida marcada pela instabilidade financeira, "Na Pior em Paris e Londres" muito se aproxima de "A Flor na Inglaterra", uma ficção narrada em terceira pessoa que já tive a oportunidade de escrever uma resenha aqui no Skoob (https://www.skoob.com.br/atividades/post/user/659224d46668174c228b4ea7).
Tendo em vista as reflexões e risos que a leitura pode proporcionar, além de minha clara fascinação pessoal pelo autor, deixo aqui a minha recomendação. Se estiver na dúvida entre dar ou não uma chance ao livro, comece pelo capítulo 22, depois retorne para o início. Garanto que terá uma experiência incrível e sem spoilers ao desfrutar de desta genialidade transcrita em forma de romance autobiográfico.
SARAIVA, L.