Li 08/06/2011DESAFIO LITERÁRIO 2011 - JUNHO - PEÇAS TEATRAIS *LIVRO 3*Sinopse: O Auto da Índia fala do adultério como consequência das viagens dos Descobrimentos. Constança, insatisfeita com seu marido e ao que tudo indica casada apenas por interesse, arranja dois amantes (um castelhano chamado Juan de Zamora e um português chamado Lemos) enquanto o marido está numa viagem com destino à Índia.
A cena desenrola-se em sua casa, com a cumplicidade a contragosto de sua empregada, designada simplesmente por Moça, que tenta a custo defender a moral do seu Senhor. No final do auto o marido retorna à casa, e Constança, cheia de cinismo e falsidade recebe-o de braços abertos, pois este retorna cheio de riquezas.
Então, foi um tiro no escuro porque eu tinha certeza de que não ia gostar de nenhum dos textos programados para este mês, mas até que gostei de Gil Vicente, para minha sorte já que tinha escolhido dois dele. Também será o último deste mês, para mim, no DL!
Bom, gostei muito mais da farsa de Inês Pereira! É mais engraçado, sei lá, talvez eu tenha gostado mais da personagem principal... Constança (a principal deste, que é chamada de Ama durante praticamente todo texto) é muito chata, aliás todos os personagens são chatinhos, só gostei um pouquinho de Moça, a criada.
O texto é bem escrito e tem sua graça e apesar d´eu não confraternizar com as ideias de Constança com relação ao tema, é de se pensar no assunto: Os maridos viajavam para um país distante, todo mundo sabia que a chance deles voltarem eram mínimas e as esposas tinham que ficar esperando... Olhe, Constança já tinha um extinto adúltero, mas como dizem, a necessidade também faz o ladrão...
“(...) Ama: Ah!, ah!, ah!, ah!, ah!, ah!, ah!
Est´era bem graciosa,
Quem se vê moça e fermosa
Esperar pola ira má!
I se vai ele a pescar
Meia légua pólo mar...
Isto bem o sabes tu.
Quanto mais a Calecu!
Quem há de tanto d´esperar?*
*É muito engraçado uma mulher jovem e graciosa ficar esperando pelo marido quando ele vai pescar a meia légua de distância, quanto mais se ele partiu para Calicute. Nestes versos a Ama deixa claro que trairá o marido ausente.”