Debora.Vilar 05/08/2019Irreflexões reflexivas O que é preciso para ser feliz? Ou o que é a felicidade? Essas questões jamais poderão ser respondidas, entretanto sempre há quem tente discorrer sobre elas. Sêneca está no hall de autores que se propõe a injusta e árdua tarefa de filosofar sobre como alcançar a felicidade.
Segundo a obra a felicidade pode se conquistar independente do contexto é, uma conquista desenvolvimentista e sobretudo individual, depende da progressão de autoconhecimento ou seja, pela capacidade autocrítica de aprender com as circunstâncias.
Sêneca dividiu a obra em vinte e oito conselhos, todos inclinados ao empoderamento do humano como indivíduo. Nesse sentido há uma ambiguidade, pois, se o pressuposto é o indivíduo então a felicidade é individual e não pode ser repassada, como uma receita. Todavia o objetivo é trazer instruções gerais, para que a partir dos conselhos cada um encontre seu caminho à felicidade, não entrarei na discussão filosófica entre felicidade e “objetivo de vida”.
De um modo geral os vinte e oito conselhos de Sêneca são introspectivos e pretendem formar uma opinião crítica das entidades e das modas da massa. Porém em alguns destes conselhos constitui-se um estorvo com o objetivo geral, pois representam a cosmovisão do contexto de Sêneca, sendo difícil contextualizar para a contemporaneidade.
A proposta do filósofo é arriscada, pois tece a construção ética de felicidade do individual ao coletivo, sendo o primeiro passo negar ou no mínimo questionar todas as ações coletivas – um exercício infinito. Além de pouco aparentar levar em consideração que o homem é um ser social e que sobrevive pela sua capacidade de cooperação entre seus pares, contraí a construção ética mais lógica que é pensar no bem para o todo e não apenas para si mesmo. Entretanto em um aspecto a filosofia senequiana está bem embasada, em termos gerais a busca pela felicidade é uma constante construção e (re) construção e a compreensão sobre ser feliz só pode ser um julgamento individual.