spoiler visualizarsherloking 07/03/2024
Honestamente, esse foi o melhor livro sobre ser1al k1ller que li até agora.
Saber que a Ann conheceu e conviveu com o Ted me trouxe alguns desconfortos iniciais e, até um terço do livro, me questionei porquê e como ela ainda possuía dúvidas sobre a inocência dele. Mas a sua escrita fez com que me colocasse em seu lugar e, confesso: acho que eu também demoraria a acreditar que uma pessoa, de igual importância em minha vida, tivesse cometido crimes tão hediondos.
O livro foi publicado em 1980, mas a sentença final de Ted só foi executada em 89 (com perdão do trocadilho infame aqui). Ao longo desse intervalo de anos, Ann faz algumas atualizações em posfácios sobre como tem sido a sua vida, o que sabe de Ted e como suas confissões vieram à tona. Isso tudo tornou a experiência muito mais completa em informações e emoções - Ann não se distancia de Ted como um objeto de estudo, mas compartilha exatamente seus pensamentos e vivências na época.
Além disso, a riqueza de detalhes sobre as investigações me trouxe certas conclusões: a polícia é burra; o sistema de justiça estadunidense é patético; e a mídia atrapalha mais do que ajuda. Pra mim, o ponto mais alto (ou mais baixo, se quiser) disso foi quando Ted foi capturado na Flórida, solicitou a presença de Ann, deixando implícito que confessaria À ELA, mas a polícia negou o pedido. O ego dos envolvidos, que queriam o destaque, era mais importante do que uma confissão que poderia ter reduzido o processo todo em muitos anos. Simplesmente desprezível.
Sobre Ted, enfim: sinto que Ann fez um trabalho correto ao trazer mais humanidade a ele. Isso porque, como disse, a mídia atrapalha bastante ao sempre forçar a imagem de "monstros", de forma a distanciar essas pessoas do cidadão comum. Isso é incorreto e Ann prova isso: Ted foi filho, amigo, marido... cumpriu funções sociais como muitos de nós e, ainda assim, fez o que fez. Não foi clinicamente determinado como incompetente: Ted era normal. Humanizá-lo não é reduzir sua culpa, mas admitir que qualquer um também pode ser um estranho ao nosso lado.