Aline 19/01/2013
Não é só um rostinho bonito na televisão.
Dona de uma beleza clássica e com uma carreira há muito consolidada, Maitê Proença há muito deixou para trás a "necessidade" de provar que não é apenas um rosto ou um corpo bonito na televisão. Multitalentosa, nesta obra a atriz-apresentadora-escritora-nãoseimaisoquê mescla trechos autobiográficos e ficção, sempre voltando ao ponto central de sua vida: a morte de sua mãe, assassinada por seu pai, quando a atriz tinha apenas 12 anos. A tragédia em si está presente em diversas passagens da obra, mas nem por isso esta é triste ou violenta. Pelo contrário, Maitê discorre sobre o acontecimento (e ao redor dele) com muita delicadeza e elegância, sem pretender entender os fatos ou encontrar culpados. Nesta trama, não há vilões e mocinhos, há apenas pessoas, com suas subjetividades, seus anseios e suas buscas.
Há também a exposição da "pessoa" Maitê para muito além de suas personagens: a Maitê que teve que amadurecer muito cedo para sobreviver à ausência da mãe, à loucura do pai, ao afastamento dos irmãos, às dores e lamentações da avó materna, ao colégio luterano e que usou de sua inteligência e coragem para se lançar ao mundo, tentando conhecê-lo e, sobretudo, conhecer a si mesmo. Nesta obra, é possível conhecer a Maitê que não é a Dona Beija, não é a Helena do Manoel Carlos, não é apenas uma atriz brincando de apresentadora ao lado de Mônica Waldvogel, mas também é mulher, mãe, irmã, filha, amiga e humana, demasiadamente, humana.
Livro de leitura fácil, despretensiosa, onde não é possível separar realidade de ficção, mas é possível perceber que, no final, toda verdade tem três lados. Ou mais.