Resenhas -

Italo 18/07/2023

Vidas secas, literalmente.
O livro consegue abordar vários temas de uma forma completamente natural. Literalmente, conta a história de vidas secas. O autor, Graciliano, consegue trazer a tona inúmeras problemáticas que afligem, principalmente mas não somente, a maior parte da população do nordeste. A fome, a miséria, a morte, a desilusão; a impotência, o medo, a raiva, inveja. O autor consegue contar, num livro, vários sentimentos, o que cada um envolto nessa realidade sente. As diversas liberdades de perspectivas sobre uma dada realidade, mas todas secas.
A raiva e o medo para com o soldado amarelo e o patrão; a inveja da cama de Seu Tomás da Boladeira; o otimismo de Baleia; o desespero de Sinha Vitória. Todos esse sentimentos são fielmente retratados na obra; mas não na perspectiva de um narrador refém ou distante da história. São narrados na perspectiva de cada um.
Após tudo o que eles passaram, a história termina com o sentimento no seio de todo pai e mãe pobre: com meus filhos, isso vai ser diferente. A ausência de nome dos filhos reforça essa ideia, eles representam todos aqueles que possam se aplicar àquela dada situação. E o livro termina triste, mas com esperança. Levar as crianças para a cidade, para que elas não tenham mais de fugir da seca como seus pais, avós e todos aqueles mais que não tem nome e vieram antes desses. Levar as crianças para longe da miséria, da seca, da morte. Quem sabe, um dia, virar doutor; se isso não for ?sonhar demais?. Se for, que eles não virem mais soldados amarelos, essa gente é ruim. Se não podem ser doutores, que eles tenham alguns poucos luxos na vida, como uma cama para dormir e que não precisem mais de chupar ossos para sobreviver; se é que isso é um luxo.

Camila1856 28/10/2019

Romance cíclico
Romance que aponta denúncia social muito forte. O título não refere-se apenas à seca propriamente dita que os personagens enfrentam, mas também, a própria vida deles que é seca de afeto, de palavras e de perspectivas. A linguagem do autor também é seca e direta, cortante.
Os pensamentos do autor confundem-se ao dos personagens.
Uma família de retirantes nordestinos vaga pelo sertão fugindo da seca. À procura de comida, trabalho e um local para assentar suas cabeças. Conta a tragetória do vaqueiro Fabiano, sua esposa Sinha Vitória, seus dois filhos (sem nomes, apenas o mais novo e o mais velho), sua cachorra Baleia, a mais humana dos personagens,e um papagaio que nao falava, só latia porque era o único som que escutava.
A miséria causada pela seca soma-se a miséria imposta pela influência social, que é representada pelos fazendeiros exploradores ricos da região.
Os sertanejos vivem como nômades, impossibilitados de receberem educação e alimentação adequada. São analfabetos, malmente sabem a sua própria idade.
A cadela chega ao nível humano e o homem desce àcondição animal. Miseráveis, porém ricos em sonhos e pensamentos.
Com um final cíclico, que poderia muito bem ser o início.

moony 31/12/2023

Esse clássico me quebrou de um jeito...

A indigência em que os personagens são retratados, os garotos não terem nome, a fome, a pobreza, a sede, a seca, o analfabetismo, a constante luta pela sobrevivência, ter que deixar seu lugar pra ir em busca disso. E só de pensar que isso é retrato de uma realidade existente.

Uma leitura maravilhosa e profunda.

Gabi.Dreher 08/09/2022

Vidas secas
Eu não gostei muito do livro, só li porque a escola pediu, a maioria dos capítulos são bem chatos pelo fato que são muito enrolados, o resto não tenho o que reclamar.

ValAria34 20/01/2024

Uma boa crítica!
Vidas secas se lido da maneira correta, pode ser absorvido a crítica que ele traz. Não somente a questão da fome e da seca, não é apenas sobre isso. Faz uma crítica também ao governo, como os mais pobres são obrigados a viverem na miséria e aceitarem aquela situação. Fala sobre como uma mulher pobre, Sinha Vitória, passa toda a leitura falando sobre seu desejo em ter uma boa cama onde dormir, mas sonho esse que até o final do livro não chega a se realizar. Sobre como Fabiano se sente roubado pelo patrão sempre que recebe seu pagamento, porque as contas nunca batem. Os filhos pequenos que não possuem nome. A cachorra baleia que precisa ser sacrificada. É tudo muito complexo, mas ao mesmo tempo, basta um olhar humano e empático para compreender.