Clara 01/05/2012
Quem gostou do filme "A Festa de Babette" de 1987 (direção de Gabriel Axel) vai adorar os contos deste livro. Assim como a história do título, todas as outras, de uma maneira ou outra, mais ou menos profundamente, giram em torno da arte e de como as pessoas são afetadas por ela. O conto "Tempestades" é o exemplo perfeito disso.
Mas "A História Imortal" acabou por se tornar um dos meus contos favoritos de todos que já li.
A tentativa de transformar em realidade uma história de marinheiros (história que hoje em dia seria chamada de lenda urbana) pelo inescrupuloso e prepotente sr. Clay, com a ajuda de seu empregado, Ellis Lewis.
Ellis Lewis é na verdade Elishama Levinsky, um judeu errante solitário, inteligente e pragmático, que consegue manter sua sensibilidade e desejo por paz interior guardados com tanto cuidado como o pedacinho de papel com a profecia de Isaías, que mantém em uma caixa, em seu refúgio sagrado em um quarto alugado.
A minha identificação com Elishama (com sua falta de ambição, melancolia e solidão) foi imediata, e a história toda é de uma delicadeza tão tocante que cheguei a ficar com lágrimas nos olhos, embora o conto não seja, de nenhuma forma, piegas (eu sou piegas às vezes, mas esses contos não são! XD ).
Passou a ser, a partir de então, das histórias que lerei várias e várias vezes, sem nunca me cansar.