Fabi_Colaco 01/03/2022
THE TESTAMENTS
Esse livro é a continuação do livro The Handmaid?s Tale (O Conto de Aia) e para quem assistiu o seriado, o primeiro livro e a primeira temporada são muito parecidos e terminam da mesma forma, contudo, o que acontece nas 3 temporada seguintes é bem diferente da história desse livro e nem é o caso da história ter sido mudada, na verdade esse livro vai contar um outro lado da história que acontece 16 anos mais tarde do que os fatos descritos as 3 temporadas seguintes os quais, a maioria deles não aparecem em nenhum dos 2 livros.
Como a própria autora observa em seus agradecimentos, The Testaments nasceu, em grande parte, dos questionamentos dos milhares de leitores apaixonados pelo universo que ela estabelecera em The Handmaid?s Tale há quase trinta e cinco anos.
A autora nos leva de volta a Gileade, desta vez para revelar os bastidores da ascensão e da queda dessa ditadura teocrática por meio de ?manuscritos? deixados por três testemunhas que desempenharam papeis fundamentais na derrocada de Gileade, agora enxergamos os movimentos que levaram à supressão dos direitos fundamentais das mulheres estadunidenses por meio do ponto de vista de uma figura imponente: Tia Lydia. Ela é Indubitavelmente entre as 3 narradora, a personagem mais complexa e cativante, aqui vamos descobrir sua vida antes de Gileade, lados de sua personalidade não descritos no primeiro livro, seus segredos, especialmente os que a tornaram a poderosa tia Lydia. Antes, ela era uma juíza, mas na nova legislação de Gileade ela é presa e sobre violências absurdas e inimagináveis até ser considerada uma aliada pelo regime. Podemos dizer que Lydia desempenha um papel importante tanto no estabelecimento das estruturas que governavam a vida das mulheres em Gileade.
As duas outras vozes que se juntam à de Tia Lydia para narrar a obra pertencem às duas filhas de Offred, que conta sua história no primeiro livro e a termina sem nos contar o que a conteceu com sua filha mais velha e tinha menos de 10 anos e nem mesmo ficamos sabendo que ela engravidou em Gileade.
Agnes Jemima, a filha mais velha separada da mãe quando ela foi capturada tentando fugir para o Canadá durante a instituição da ditadura de Gileade, se lembra apenas de sua vida nesta realidade: sua mãe adotiva Tabitha, seu pai (também adotivo) distante, o Comandante Kyle, e, mais tarde, sua madrasta inescrupulosa, Paula. Por meio da narrativa dela, aprendemos muito sobre a vida em Gileade para uma menina comum, criada em uma família de prestígio. Assim descobrimos que, ao contrário do que se poderia supor, esta não é, de muitas maneiras, melhor do que a rotina das aias que observamos no primeiro livro.
A terceira narradora é Daisy ? ou melhor, Nicole ? a filha de Offred e Nick, criada no Canadá por um casal membro do grupo de resistência Mayday. Pela maior parte de seus dezesseis anos, Nicole fora criada como uma garota normal no Canadá, Gileade surgindo para ela exclusivamente como uma realidade distante e opressora, um tema abordado no colégio. Assim, a garota oscila frequentemente entre o ressentimento por se descobrir uma figura icônica em Gileade e por jamais ter conhecido seus verdadeiros pais. Se Gileade era tudo que Agnes se lembrava de ter conhecido, para sua irmã mais nova, o lugar era visto como um absurdo ficcional, uma distopia sobre a qual ela esperava ler ? como nós, os leitores ? mas não vivenciar.
Muito importante é a forma como a autora comunica a reação da mulher oprimida: se as estruturas de Gileade procuraram despir mulheres de seus direitos mais básicos, foi através das frestas e pequenas exceções que justamente algumas das pessoas mais agredidas pelo regime conseguiram derrubá-lo.
Em tempos tão estranhos como os nossos, The Testaments é uma demonstração de resiliência inestimável para aquelas e aqueles que temem pela estabilidade das estruturas democráticas pelas quais lutamos com tanto afinco, por tanto tempo. Assim como seu antecessor, este é um romance que permanecerá conosco por muitas décadas.