Bia 27/04/2021
CUIDADO: Gatilho ao extremo, romantização de abuso
Quando terminei o livro de Dante e descobri que a autora teve a coragem de fazer um livro romantizando Síndrome de Estolcomo (sim, apesar de tudo, eu não esperava o extremo), me custou a acreditar, mas cá estou eu escrevendo uma resenha indignada - eu achando que mais nenhum livro dela poderia me indignar como o livro de Gianna, mas sempre pode piorar - ... Detalhe, esse é o terceiro livro da série Camorra, nem li os primeiros e não sei ainda se vou ler porque já me choquei com esse, não quero nem imaginar o resto.
O livro é todo Síndrome de Estolcomo e abuso psicológico. Jesus, a autora teve mesmo a coragem de romantizar isso e transformar em amor verdadeiro. ???
Basicamente, Serafina nossa protagonista, foi sequestrada, ameaçada, teve família ameaçada, foi abusada psicologicamente e fisicamente e Cora Reilly teve a indecência de dizer que é amor.
Eu já sabia o que esperar já que o livro de Dante já falava o final dessa história ultrajante, mas eu torcia pra que a autora tivesse mudado de ideia e fizesse uma reviravolta no final com a punição que eu esperava pra Remo.
Esse livro é de embrulhar o estômago, não só pela enredo ridículo e nojento, mas por a autora ter feito isso e ter forçado uma romace abusivo para os leitores. Gente, tenham bom sendo pelo amor de Deus. Vi várias mulheres aqui dizendo que amou o livro, que achou lindo o amor de Serafina e Remo. JESUS! Vi umas resenhas dizendo que o leitor irá torcer por eles até o final. QUÊ? DEUS ME LIVRE! JAMAIS! EU pelo menos, NÃO, mas cada cabeça é um mundo, né?
GENTE HOUVE ESTUPRO, como que vocês acham lindo um negócio desse? Tem os que vão dizer: "ela não recusou, não disse não, ela deixou e queria e blá blá blá.
ENTENDAM!
Sexo após abuso psicológico é estupro, sim! Foi isso que Remo fez desde o começo com ela, ele manipulou, distorceu as falas delas, os acontecimentos dos fatos de forma a fazer ela acreditar que o queria, e de fato, ela queria mesmo, mas é uma falsa sensação de desejo e de conforto, é um carinho falso e dissimulado, uma confiança falsa de uma mente abalada, tudo para poder ter o que mais queria de Serafina. Abusadores usam justamente a mente da vítima contra ela mesma.
Mas ABSOLUTAMENTE tudo de ruim é apaziguado porque o Remo é o famoso macho alfa, saradão, lindo de morrer... ???
É isso que é a Síndrome de Estolcomo, o sequestrador trata a vítima ruim e logo depois com gentileza e faz ela se sentir culpada por odiar ele já que o sequestrador supostamente está sendo gentil e carinhoso com ela. Uma pessoa com esse nível de abuso psicológico, sendo afastada da família e das pessoas que gosta, se apegam a qualquer migalha de bondade porque elas estão com a cabeça abalada e isso é, involuntariamente, uma forma de se proteger. Ela ainda abandona toda a sua vida, seus pais e seu irmão que tanto ama pra ficar com o seu abusador. ISSO NÃO É AMOR. Não é confiável de forma alguma os sentimentos desse tipo em uma pessoa que está sendo abusada psicologicamente. Não confundam, por favor. Vamos ler o livro, tudo bem, mas que tenhamos senso crítico né?
Tirando essa problemática da síndrome... Nem os personagens principais conseguiram me agradar. Foi uma forçada de barra gigantesca ficar descrevendo a personalidade de ambos que eu não conseguia enxergar de forma alguma nas atitudes, principalmente a forma distorcida e ilusionista que Serafina via Remo.
Eu odiei Remo e o que me deixou mais chateada é que a autora conseguiu deixar ele pior no próprio livro dele do que nos livros anteriores, o que deveria ser o contrário, afinal veríamos a história no ponto de vista dele e o ideal era que a autora nos fizesse nos comover com seu passado e até aceitar algumas atitudes dele. Mas não deu tempo porque ela só resolveu mostrar isso no final e quando aconteceu foi tão breve e raso que eu ainda não conseguia adimitir o relacionamento deles dois (Remo e Serafina) de forma alguma.
Foi revoltante ler e estou falando isso na maneira mais imparcial possível. A única coisa "boa", se eu puder chamar assim porque eu não vi nada de reaproveitável nesse livro, é que a autora pelo menos conseguiu ser bem coerente com Remo. Ele não presta e pronto e, em nenhum momento, o personagem tentou justificar seus atos cruéis e sempre endossou que não tinha nada de bom nele. Isso eu consigo aceitar, era verdade de qualquer forma. Isso se manteve fiel aos outros livros.
Agora, Serafina? Eu queria sentir pena dela, mas eu só conseguia ficar com raiva e ódio das decisões dela. Meu deus, que mocinha mais ridícula, mais mal feita, mais irritante e sem noção que já vi em toda minha vida. A autora tentou nos entregar uma personagem forte, de personalidade inatingível... Mirou nisso e acertou numa mocinha fraca, desleal, sem amor próprio, com desvio de caráter, extremamente submissa e manipulável. Eu revirava os olhos toda vez que ela dizia que sentia a pele arrepiar quando via Remo.
QUE NOJO QUE EU FICAVA. MINHA FILHA, ELE TE SEQUESTROU, TE TORTUROU E A SUA FAMÍLIA! JESUS!!!!! E ainda ela tinha compela noção do que ele fez com a família dela e com ela, que a quebrara para sempre e que a estava manipulando, e mesmo assim ela continuava se sentindo como um pertence dele. Horrendo!!! Ela aceitou tudo, e mesmo quando a autora tentou nos forçar uma narrativa de que ela estava resistindo, eu não consegui enxergar isso de jeito nenhum. Quando foi que ela resistiu a ele, pelo amor de Deus????
Pior ainda foi tentar nos forçar a acreditar que Remo sentia algo a mais por ela, além da vontade de possui-la como um objeto.
Olha, foi difícil terminar viu. A cada cena eu ficava enojada. Tentei, tentei muito, mas em relação a Serafina não consegui ser imparcial porque não me desce ela, que SEMPRE foi amada pela família, que nunca foi maltrata por eles, que dizia amar o irmão gêmeo acima dela mesma, ter largado tudo isso pra ficar com o homem que a sequestrou, fez tortura psicológica com ela, a manipulou, a abusou fisicamente e ainda com tudo isso fez a família dela sofrer da pior forma possível.
No final, ainda esquece toda a família e nem se importa se eles vierem a morrer nas mãos desse mesmo homem que ela diz amar. Nossa, e como ela ficava toda hora repetindo que ele não a estuprara e que sentia saudade dele, que ele tinha quebrado ela... REPUGNANTE! Nunca vi mocinha mais manipulável na minha vida.
Eu queria conseguir aceitar a justificativa dos filhos dela, mas nem isso abrandou o misto de sentimentos ruins que eu senti lendo esse livro. Só posso dizer que eu já li muito coisa ruim, mas acho que esse foi o pior de todos porque a autora tentou nos enganar, tentou banalizar os crimes, tentou nos fazer acreditar que não havia sido estupro, quando claramente foi e foi muito desrespeitoso com os leitores.
Olha, se você amou o livro, o B.O. é seu. É questão de opinião de cada pessoa, mas não há dúvidas de que a autora foi extremamente infeliz ao escrevê-lo. E olha que eu tinha achado o do Growl o pior de todos, mas Remo e Serafina superam o nível do livro mais abominável.
UFA, consegui desabafar. Ficou textão, mas eu acho que ainda nem disse tudo que queria. O ranço é grande demais.
Por fim, após esse alerta, você decide ler ou não.