Exercícios de fixação

Exercícios de fixação Antônio LaCarne




Resenhas - Exercícios de fixação


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Alexandre | @estantedoale 22/03/2021

Contos para uma tarde chuvosa
“Exercícios de Fixação” me trouxe uma perspectiva muito diferente de contos. LaCarne vai muito além de uma narrativa simples. Quebra nossa mente em pedacinhos com alguns de seus escritos neste livro. Não tem um vocabulário complicado, mas uma construção que requer atenção, carinho e compreensão. Erotismo e drama nas medidas certas.

É que Antonio LaCarne faz visita a questões melancólicas, incomuns, hilárias e tenebrosas. Mas não há uma fórmula. É uma escrita livre, com referências – que confesso não entender o tempo todo – e que traz um leve sarcasmo complementar em determinados pontos.

Há, inclusive, uma passagem que me chama atenção, em meio a tantas outras:

“Esperar por alguém que não vem é também colher uma planta morta (...). As pessoas se perdem, se anulam, cheias de algum tropeço alheio no meio de tantas armadilhas no caminho (...).” (Conto “Extraterrestres”, p. 61)

Para mim, esse trecho resume muitos dos outros enredos apresentados no livro, falando das relações, das nossas expectativas e das surpresas que nos envolvem com os seres surgentes ao nosso redor.

Em 74 páginas, entendi muito sobre o que conheço de LaCarne – ou talvez nada, apesar de parecer alguma coisa. Como disse, é uma leitura profunda; vale à pena devorá-lo, com os devidos cuidados para não perder certos detalhes e acabar não aprendendo nada.
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Toni 29/04/2019

A literatura produzida por autores independentes é feita essencialmente de abraços. Carrego essa ideia comigo há tempos, mas nunca imaginei que a encontraria tão bem representada e subvertida quanto quando chegou aqui em casa este ‘Exercícios de fixação’, presente do @antoniolacarne . Os dezessete contos reunidos neste volume não são o abraço em si, mas aquele breve instante antes dos corpos se tocarem, quando a distância, premente e mínima, guarda ainda a frieza prestes a ser desfeita em calor — para gozo ou aflição dos envolvidos.
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Essa condição intervalar, de brecha, fissura ou hiato, percorre a espinha dorsal dos contos de LaCarne, que parecem aguardar que o toque seja clímax ou desfecho quando, na verdade, não passa de validação do abandono. Vivendo a subtração de uma corporeidade precária, suas personagens mimetizam uma liturgia da fragilidade enquanto buscam formas de abrandar a fervura incômoda sob a pele. Apesar de curtos [talvez curtos demais, gostaria que (me/se) demorassem até o colapso], os contos de ‘Exercícios de fixação’ guardam surpresas e perplexidades para a leitora e o leitor que a eles se entregarem, como “um deslizamento de terra às margens da BR-040 de [suas] existência[s] estupefata[s]”.
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A narrativa que abre o volume — “Cair demais”, lindo título — parece um grande convite a esse universo “de desolação e mármore” esboçado em cada conto. Mundo que se constrói em gestos falhos e hesitantes que nos devolvem, por hesitação e falha, aquela parcela constrangida de humanidade que escondemos com unhas e dentes. À sua maneira, LaCarne transforma o intolerável em matéria literária, suspensão inacabável do segundo que antecede o enlace mais necessário.
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Michelle Trevisani 21/03/2019

Crônicas do cotidiano
Oi galera! Boa tarde! Hoje a resenha que trago é deste presente recebido pelo autor Antônio LaCarne - "Exercícios de fixação", seu mais novo livro de crônicas. LaCarne é um autor jovem, que vem buscando seu espaço no mercado, e ler este livro me fez sentir essa paixão com que vem trilhando seu caminho, rumo a um espaço ao sol nesse vasto mundo da literatura.
O livro é no gênero crônicas, uma disposição que gosto muito. Traz um total de dezessete crônicas, e a maioria delas fala do cotidiano e de divagações de personagens reais, com neuras reais no nosso mundo real.

Os textos são carregados de um humor velado, e isso é o que mais me atrai no estilo crônicas. Há personagens com crises existenciais e que divagam em relação as suas posições na sociedade. Há personagens que retratam sua vida de forma tão monótona, que sentimos o quão real é essa associação, nos colando no lugar, refletindo sobre a brevidade e miséria com o qual levamos nossa vida. Um dos textos que retrata muito bem isso é o de "Arlete no Vazio", uma senhora que já vive sua velhice sozinha, sem o marido, sem amor de filhos, sem com quem conversar. Fica a pensar em bananas murchas, nos seus dias monótonos que são na maioria iguais, na sua existência pouco fecunda e inóspita. Quantos de nós, que ainda nem tão velhos estamos, não nos vemos nesse quadrado de monotonia e autopunição?
Alguns dos contos explora bastante o lado sexual de seus personagens, mas nada apelativo, e sim rotineiro, acontecimentos que estamos acostumado a saber que acontecem, mas que ficam claros e evidentes quando colocados no papel. De forma objetiva, LaCarne vai nos mostrar como o ser humano é carne e desejo, como está sempre à procura de se autoafirmar no mundo, buscando aprovação de si próprio e dos outros.

Finalizo dizendo que o livro me agradou muito, uma alternativa bastante agradável para reflexão da nossa existência por vezes monótona e real. O humor e a narrativa de LaCarne nos surpreende e nos faz viver junto com os personagens seus cotidianos mais íntimos.

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