Resenhas - História de Joia

Juba 08/05/2023

Um livro ruim com algumas partes muito boas. É triste pois o começo me pareceu bem promissor, e aí foi se tornando apenas chato e sem sentido.

matlima 18/07/2020

Potencial desperdiçado
A ideia do livro é boa: construir uma narrativa multifocal sobre a vida de uma personagem. Tudo se passa num período curto e cada fração do tempo é (ou aparenta ser) transmitida pelo olhar de uma pessoa diferente que gravita involuntariamente em torno da protagonista Jóia.
A execução, todavia, deixou a desejar, pois a redação não conseguiu ser nem bela, nem envolvente. Claro que há exceções (ex: capítulo XVI, quando fala da estrutura física e psíquica de Joia numa interessante frase: ?um corpo ao mesmo tempo frágil e robusto?). Mas no geral o que se vê são períodos demasiadamente longos, carentes de pontuação e com uma linguagem exageradamente chula, chegando a ser preconceituosa com as pessoas de classe social menos abastadas.
Em alguns momentos, a escrita mais parece um fluxo desenfreado de pensamentos de um autor embriagado. Só não digo que o texto foi mal trabalhado, porque isso seria injusto. Afinal, em boas partes agrega uma interessante sonoridade; noutras lembra uma poesia contemporânea. Em alguns capítulos, ao ler a história em voz alta, se percebe um ritmo que chega a lembrar uma música de rap.
O maior problema é que o autor, mesmo tentando, não conseguiu mudar significativamente seu estilo de escrita ao longo do livro, já que o períodos excessivamente longos marcam as páginas do início ao fim. Com isso, prejudicou o que poderia ser o ponto mais forte dessa escolha narrativa. Em vez de vários olhares diferentes, parece que é quase sempre a mesma pessoa narrando. Outro ponto que incomodou foi o fato de alguns capítulos estarem quase que perdidos no meio do livro, nada agregando para o contexto (ex: ?o julgamento? e o capítulo da jumenta).
Enfim, achei poderia ser uma experiência narrativa interessante (pela sonoridade e pela forma de contar a história), mas o livro é infelizmente medíocre, salvando apenas alguns poucos capítulos e, ainda assim, mais como leitura apartada do que como imersão dentro da obra. Pena...