O que te pertence

O que te pertence Garth Greenwell




Resenhas - O que te pertence


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Daniel 12/04/2019

Estreia Promissora
Que livro incrível! Um americano que decidiu morar na Bulgária carrega aquela sensação de se sentir estrangeiro em todos os lugares. Um dia, num banheiro público, conhece Mitko, um michê, e por ele desenvolve uma obsessão. Por causa desta paixão avassaladora, revê tudo na sua vida: seus relacionamentos, suas escolhas, seu exílio. Uma reflexão profunda sobre o desejo e suas complicadas correlações com o amor, com a culpa, com a vergonha e com o remorso. A linguagem é clara, crua, direta; e em todos os momentos ela é bela, reflexiva e elegante.

O autor, bastante promissor neste seu primeiro romance, descreve muito bem os estágios da paixão, a obsessão, os caminhos tortuosos e perigosos que às vezes escolhemos. Também reflete a relação entre pais e filhos, os julgamentos que os filhos sempre fazem sobre seu pais ao longo da vida, suas decepções e seu entendimento, quase sempre tardio. Faz pensar demais como o amor que recebemos (ou não) dos nossos pais nos tornam pessoas seguras e amorosas, ou o contrário disso, e o quanto isso é desastroso.

Há tantos trechos tão interessantes, como na cena em que ele contempla o pai e sua filhinha brincando num parque, ou durante uma viagem de trem, observando um menino sapeca com sua avó... A leitura nos leva a uma série de constatações sobre o que a vida e o mundo fazem com as pessoas, sobre as opções que as pessoas têm na sua existência (às vezes nenhuma!), sobre como as circunstâncias são transformadoras, e como muitas coisas simplesmente não tem solução.

Um estréia realmente impressionante. É o tipo de autor cuja prosa o leitor consegue diferenciar bem quem de fato é um escritor de verdade e quem é simplesmente contador de histórias.

Trechos:

Existe algo de teatral em todos os nossos abraços, acho, já que ponderamos nossas reações em comparação àquelas que percebemos ou projetamos; sempre desejamos demais ou de menos, e compensamos na mesma proporção.

Como desejo é indefeso fora do seu pequeno teatro do tesão, como ele se torna ridículo no momento em que não é bem-vindo.

Mas como é que eu podia dizer o que queria, pensei, se esse querer me escapava inteiramente?
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gean. 18/08/2022

Bom
O livro tem uma leitura muito detalhada e singular sobre os personagens. Achei que em alguns momentos estava lendo capítulos anteriores novamente.

Confesso que a pouca maestria (pelo menos pra mim) do autor de não conseguir prender o leitor nas narrativas dos protagonistas me fez demorar ainda mais para terminar.

Esparava um final diferente pois muito se podia explorar a temática e os ocorridos.

Deixarei a indicação de leitura por conta de vocês.
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jonathanmelo 06/09/2020

O que te pertence?
O que te pertence realmente te pertence, se trata de um lugar construído por ti, conforme os traços que te definem como ser individual, ou só te pertence em razão de um sistema que te leva a crer que esse lugar, ao que tomas para ti com tamanho empenho e o encaras como o único verdadeiramente possível, é a realidade em que podes habitar de forma genuína? É difícil avaliar este livro, porque ele provoca, te convida para dentro, mas também te repele, devido a sua atmosfera densa e estática; um ar que não circula, sufoca. A condescendência do protagonista, entregue ao desejo, à sujeira com a qual se lambuza, carrega sua carga de verossimilhança (e certamente este é um ponto chave), transpassando as páginas e causando ao leitor uma agonia que o abocanha do início ao fim da leitura, incomodando, vibrando, o que considero um ponto para lá de positivo, apesar das consequências que lidar com essa energia pode provocar. E desse lugar de marginalidade, de deslocamento, nasce um sentimento - amor, nas palavras das personagens - doente, a ponto de a personagem não se identificar plenamente com outro lugar que não em meio à doença, tampouco conseguir desvencilhar-se dele por si mesmo. Um lugar que lhe foi dado, e onde ele se resignou a ficar, não de forma inconsciente, levando-o a uma situação insustentável. Não é uma leitura fácil, mas necessária, por fazer nascer no leitor a faísca que questiona se o lugar onde habitamos é de fato nosso, de modo que tenhamos de lidar com seus implicamentos, ou se nos foi dado como a única alternativa possível, restando a nós romper com ele ou nele permanecer, tornando-o nosso alimento, o fruto podre caído do pé.
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Marcelo 14/08/2023

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
"O Que Te Pertence" é um romance escrito pelo autor Garth Greenwell que narra a história do protagonista, um americano expatriado com um homem local chamado Mitko, que vive em Sófia, na Bulgária.

A trama se desenrola em um cenário de vulnerabilidade emocional e busca por conexão humana. O narrador encontra Mitko em um banheiro público e imediatamente fica intrigado por ele. Eles desenvolvem uma relação ambígua, misturando atração sexual, exploração emocional e diferenças culturais. Mitko, um jovem garoto de programas búlgaro atormentado por problemas financeiros, torna-se tanto um objeto de desejo quanto um espelho para as inseguranças e desejos não realizados do narrador.

A narrativa explora temas como solidão, desejo, identidade sexual, linguagem e comunicação, além de mergulhar na dinâmica complexa entre os dois personagens principais. O livro examina as nuances das interações humanas, destacando como as relações podem ser moldadas por desequilíbrios de poder, desejos não declarados e a luta constante para se compreender e se conectar.

Apesar de bastante elogiado por sua prosa sensível e evocativa, que explora os pensamentos mais profundos dos personagens e os sentimentos reprimidos que os impulsionam, o livro não me envolve o suficiente. Garth Greenwell aborda a complexidade da intimidade, revelando a vulnerabilidade e as inseguranças subjacentes que muitas vezes moldam nossas interações com os outros mas ainda assim sinto que falou algo que me conectasse ao livro.
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Gu Vaz 09/07/2022

Melancólico
Um professor estrangeiro se vê fascinado e desejando Mitko, um garoto de programa búlgaro, com o qual se envolve sexualmente. As dificuldades linguísticas e de comunicação são as primeiras barreiras de um sentimento progressivo de solidão, construído por um passado frustrante e repreendido. Mitko é um alguém com nome completo, mas também um indivíduo perdido e empobrecido, que mal se sustenta e que cada vez mais encolhe diante do mundo, preso a um país decadente. O desejo insaciável é uma figura que penetra a consciência na procura pelo significado de ser.
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Joao.Marley 26/05/2021

Livro com uma narrativa crua !
Realmente é um livro que retrata a vida de dois personagens marcantes. Apesar de ser um livro melancólico.
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Luiz 26/11/2021

Tenebroso
Você dá mais valor aos livros bons quando você lê um tão ruim quanto esse. Metade do livro poderia ter sido descartado e não faria a menor falta (ainda assim, continuaria péssimo).
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Rafael Mussolini 27/04/2020

O que te pertence
O que te pertence do Garth Greenwell (Editora Todavia, 2019) é um livro que acompanha as vivências de um jovem americano que vive na Bulgária como professor de inglês e poeta. O protagonista é um homem gay que carrega consigo alguns traumas inerentes ao processo de se descobrir como homossexual e que pode promover uma identificação com muitos leitores da comunidade LGBTQIA+.

É muito comum que narrativas sobre a sexualidade de pessoas LGBT deixem transparecer os impactos do preconceito e da homofobia. Em muitos casos, somos obrigados a nos descobrir enquanto gays muito antes que esse assunto esteja no nosso radar. A homofobia de amigos, familiares, da escola e diversos outros ambientes de interação social ao perceberem sinais de que uma pessoa não irá viver sua sexualidade como o binarismo impõe, começam a promover um afastamento ou controle da nossa individualidade. Esse tipo de ação acaba por invadir violentamente o nosso ser e a nossa formação. Começamos a olhar para nós mesmos como algo que deu errado.

"Isso estava acontecendo com meus amigos também, com os garotos cuja companhia eu buscava com uma nova urgência, e embora esta ainda fosse leve e isenta de intenções, eles podiam sentir a elevação da temperatura. Estavam começando a pensar em mim como um tipo à parte, e o que era uma sombra de distanciamento entre nós acabaria se convertendo num distanciamento absoluto, que eu já sentia com um pavor terrível."

Durante a leitura, vamos adentrando nas histórias do protagonista, a quem não sabemos o nome, e percebendo como o passado, as vivências familiares e a cultura influenciam desde a nossa formação, até a nossa sexualidade.

Vivendo na Bulgária, o jovem  professor, acaba se rendendo a um tipo de relação que que é recorrente entre homens gays. Encontros furtivos, frivolos e rápidos em banheiros públicos, parques, ruas escuras. Essa é uma realidade que demonstra como ainda a vivência da nossa sexualidade é cercada por riscos e perigos promovidos por uma sociedade que não nos aceita, que nos vê como corpos estranhos. Para muitas pessoas é fácil logo rotular um gay que se permite  transar  em um banheiro como promíscuo e muito difícil parar para refletir e pensar quais situações que levaram a manutenção dessa "cultura" do sexo escondido, do sexo sigiloso. Para alguns esse tipo de sexo pode ser apenas um fetiche, enquanto para outros pode ser a única oportunidade de vivenciar e saciar seus desejos ou até mesmo de ter afeto.

É depois de entrar mais uma vez em um banheiro público em Sófia, capital da Bulgária e de conhecer o lindo e sedutor Mitko que o professor  irá entrar em uma relação conflituosa, onde sexo pago e apego emocional irão entrar em rota de colisão.

Aliado a isso o jovem vai relembrar diversos fatos de sua vida que o fizeram ser o o homem que é, e que inclusive o levaram dos EUA para a Bulgária. Além de se sentir um estrangeiro na família em que nasceu, o livro explora o fato  de sua condicao de estrangeiro em um país e sem dominar completamente uma língua como mais um recurso da história para representar sua busca pela aceitação, pela individualidade, por uma forma de viver o amor e de encontrar o que te pertence.
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Junior 24/03/2021minha estante
de fato faltou um encerramento melhor




André Igarashi 31/08/2020

uma surpresa levemente dolorosa
o que te pertence foi um livro que eu comprei aleatoriamente por ter achado a história (mais especificamente as 10 primeiras páginas) extremamente reais e cruas, mas admito que depois dessas primeiras páginas, lidas ainda na livraria, eu não peguei mais ele por um ano. esses dias então peguei ele de volta e fui lendo despretensiosamente, mais para "me livrar" de um livro encostado.

e dessa vez eu ainda tive uma certa dificuldade durante a leitura porque a escrita é feita acompanhando os pensamentos do protagonista ao invés de ações reais, mas a partir da metade do livro me acostumei e realmente engatei na leitura. além disso, durante o texto tem algumas palavras em búlgaro que às vezes me confundiam.

dito isso, eu acho que o livro realmente vale a pena. eu diria que vale especialmente pela última parte, mas não seria verdade. na realidade a última parte realmente se destacou para mim, mas é impossível não associar o impacto dela com todo o contexto construído nas outras duas.

o livro relata um baita exercício de reflexão sobre si, sobre o passado e por todas as nuances que marcam a nossa vida, e, especialmente, como os nossos traumas se traduzem nas nossas ações. inclusive todas as reflexões culminaram em uma sessão de terapia que mudou minha vida.
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xoelson 23/03/2023

É.. Então..
Sinceramente? Me prendeu bastante no capítulo inicial. A forma como acontece a relação com Mitko é, para algumas pessoas, a única forma de se relacionar sexualmente.. Infelizmente.

A forma como é retratada tende a ser dolorida, porém tão contemporânea que chega a ser ?normal?.

De volta ao passado do protagonista, e a forma como sua infância foi moldada de forma desagradável, faz com que façamos o link com as atitudes atuais do mesmo. Explica, mas não justifica.

Há muitos, muitos, muitos e muitos detalhes que, na minha opinião, não precisavam existir e sim focar toda essa energia para algo que prendesse mais.

O final, é de se esperar.. Claro. É bem previsível dadas as circunstâncias. E posso falar até que gostei desse final.

Recomendaria? Talvez não.

É isto! ?
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Saulors 03/01/2021

Esse livro sem sombra de dúvidas virou uma de minhas melhores leituras. A escrita do autor é tão intensa que te faz devorar com prazer o livro.
Aqui, somos levados como coadjuvantes às vivências do autor enquanto criança, jovem e adulto. Um livro que fala sobre descoberta do amor (proibido), frustrações, violência e compreensão do que experiencia o próprio autor.
Ele, um professor assumidamente gay que vive em Sófia, na Bulgária, conhece Mitko, um jovem garoto de programa que o leva a ter as mais profundas questões filosóficas sobre a sua própria a vida e tudo ao seu redor.

Um livro extremamente necessário.
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bobbie 19/08/2020

A construção do Eu gay desde...?
Lembro-me de, há mais de vinte anos, quando estava no primeiro semestre do meu curso de Letras, estudando Psicologia da Educação, ficar fascinado sobre as teorias freudianas sobre o desenvolvimento psicossocial dos bebês. A primeira fase - a oral - que é a que acontece logo que todos nascemos, é quando a criança conhece o mundo e desenvolve seu senso de reconhecimento e prazer pela boca. Repare: o primeiro instinto de um recém-nascido, a primeira coisa que ele sabe fazer, ainda que não saiba como ou por que sabe, é buscar o bico do peito da mãe: dali ele tira seu primeiro sustento, e obtém do ato imenso prazer. Dê a um bebê qualquer objeto e ele o levará à boca, pois é assim que experimenta e começa a reconhecer o mundo. Sequer dê objeto algum, e ele/a simplesmente levará as mãos ou até os pés à boca. Com o passar dos meses, a segunda etapa que se inicia é a fase anal: a produção de seus excrementos anais torna-se fonte de prazer para a criança, e aí residiu o meu elemento de maior surpresa. Não me lembro do nome da professora, ainda que me lembre de seu nome, mas jamais esquecerei o que ela disse: "quando forem pais, nunca façam cara feia para o cocô do bebê de vocês. Recebam-no com alegria, com sorrisos, ou mesmo com elogios". Para a criança, explicou a professora, as fezes representam o primeiro presente, de produção própria, que o bebê oferece aos pais, e rejeitá-la com cara de nojo ou recriminação pode fazer que com, subconscientemente, aquele bebê cresça para se tornar um adulto que acredita que nada do que faça tem valor. O que te pertence me fez lembrar dessas aulas: ao longo de toda a narrativa do protagonista sem nome (talvez para facilitar a identificação de um número infinito de gays rejeitados), percebemos um homem gay que sente que comete erros, que praticamente baixa a cabeça para humilhações e indignidades e que, por que não dizer, acredita, ainda que em nível inconsciente, que não merece ser amado e que deve ser punido ou castigado pela sua forma - diferente - de amar: um homem que ama outros homens. Desde a primeira cena, quando conhecemos o professor norte-americano que dá aulas numa escola conceituada na Bulgária, e que busca prazer com outros homens em sórdidos banheiros públicos, ficam claros dois problemas recorrentes da comunidade gay: o "prazo de validade" expirado, cruelmente atribuído aos homens gays que não têm mais vinte anos (ainda que o protagonista nem seja, de fato, velho) e, talvez, mais importante do que isso, a crença arraigada no subconsciente de que ele só encontrará satisfação de seus desejos pagando por isso, em rondas intermináveis por banheiros imundos, desertos e arriscados, pois o afeto gay é, como aquele banheiro, uma imundície. Logo na primeira cena, o protagonista conhece Mitko, um jovem e problemático michê com quem ele irá desenvolver um relacionamento de codependência. Ao longo da trama, vamos conhecendo mais tanto o protagonista (ele próprio o narrador), como Mitko, ambos produtos da marginalização social da homossexualidade. Tal relacionamento está fadado ao fracasso (se é que algum outro relacionamento desses dois poderá ter sucesso), pois, como vemos, o protagonista teve suas fezes recusadas pelo pai (metaforicamente falando, ok?), quando foi rejeitado e escorraçado quando o homem descobriu aquilo que o filho estava aprendendo de mais belo e puro em si: o amor. A única diferença entre o protagonista e Mitko, provavelmente, é a chance que a vida dá a um, mas nega ao outro. Em termos literários, o romance é muito bem escrito, pendendo para a técnica do fluxo de consciência, desenvolvida no começo do século XX, com adeptos tais quais Virginia Woolf. Aqui a técnica não chega a ser intrincada demais, e o romance flui com facilidade. A linguagem é crua: há aqui desde "seu pau grosso e comprido", passando por "ele sacudiu o pau pra mim" e "esfregou seu pau duro em mim". Nada que comprometa o poder lírico deste belo livro. O final... Bem, não esperem o bom e velho "e eles viveram felizes para sempre", mas um amargor e uma angústia típica de só quem sabe a dor e as delícias de ser quem se é.
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Peter.Molina 30/12/2023

Relações tóxicas
Neste livro, um narrador descreve usa relação com um garoto de programa, ao mesmo tempo em que se lembra de situações familiares, vivencia o luto, a doença e outras dificuldades. A relação entre os personagens principais é bem abusiva, o que me gerou uma certa revolta na forma de como o autor lidou com isso. Escrito muitas vezes em fluxo de consciência, com páginas ininterruptas sem parágrafos, cansando a leitura e tirando o fôlego do leitor. No final , fica um sentimento amargo, pesado e de solidão, pois o protagonista tem poucos momentos de alguma felicidade sincera.
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