Jeff.Rodrigues 24/02/2019Resenha publicada no Leitor CompulsivoA imensa maioria das obras dos anos iniciais da carreira de Robin Cook se debruçaram sobre uma fórmula única, sem muitas inovações em sua base de construção. Mesmo trabalhando com variadas temáticas dentro das possibilidades de produzir thrillers com situações médicas, o autor não fugiu muito de um padrão sequencial para contar suas histórias. Ocasionalmente vejo alguns leitores apontarem isso como um problema, contudo, gosto sempre de deixar um pouquinho meu gosto pessoal de lado e buscar compreender a época em que as obras são publicadas para entender se, por acaso, a repetição ou o acomodamento não possa ter se dado por conveniência do período e não somente por falta de talento.
Dito isso, Vírus, apesar de seguir à risca essa tal fórmula, surge como a primeira obra aclamada pela crítica após o sucesso de Coma. E não é pra pouco, afinal, o livro se constrói em cima de ação com ingredientes interessantes de investigação. O suspense aqui gira em torno de quem é o responsável por disseminar os vírus mortais na população norte-americana. O “quem” acaba sendo mais importante que o “por que” e é isso que vai impulsionar o desenvolvimento da história. Infelizmente, para os leitores mais atentos e já acostumados não só com o autor, mas também com thrillers em si, matar a charada e identificar o vilão é algo fácil.
Como boa parte da obra de Robin Cook, Vírus é um livro que causa inquietação quando imaginamos que muitas de suas invenções podem facilmente serem postas em prática na vida real. É o típico suspense para passar boas horas de leitura e para ser devorado rapidamente. Uma qualidade que super aprecio no trabalho do autor. O que causa certo incômodo é a excessiva repetição de alguns procedimentos médicos durante os surtos de doença, e a mais que excessiva ingenuidade da nossa protagonista Dra. Marissa. Apesar de ser uma personagem que vai crescer e protagonizar obras futuras, ela tem um começo de carreira literária que irrita bastante.
Publicado em fins da década de 1980, Vírus reflete bem algo que percebemos em muitas outras obras do período: a falta de preocupação em amarrar todos os fios e garantir que todas as explicações e motivos façam sentido lógico. É uma característica que não me incomoda nem um pouco a partir do momento em que a história me envolve e eu mergulho na tentativa de descobrir seu desfecho. Isso aconteceu com Vírus, fazendo deste, um dos melhores livros da fase inicial da carreira de Robin Cook.
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