Oblómov

Oblómov Ivan Gontcharóv
Ivan Alexandrovich Goncharov




Resenhas - Oblomov


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miluduarte 26/04/2013

Eu li este livro quando, em virtude de um AVC, que apesar de não ter me deixado seqüelas, me deixou completamente deprimida, estava com síndrome de "poste":com medo da vida e, por que não, da morte, ficava o tempo todo parada, sem fazer nada e sem querer fazer nada, o que é pior. Ficava o dia todo recostada no sofá, lendo e pensando o que seria da minha vida dali pra frente. Foi quando me deparei, em um site, com um livro que me chamou a atenção, pelo simples fato de ser seu autor um russo. Comprei.

Sua leitura foi um choque; me vi refletida no personagem, o que colaborou para que eu saísse daquela situação. Dali para a frente lutei contra a minha "oblamovismo" inconsciente e sai daquele estado letárgico-deprimente. Claro que o livro não é milagroso, mas ele faz a gente refletir nesta preguiça depressiva, doentia; sei lá, ele serve de espelho e, ao me ver meio que refletida neste espelho, acordei para a vida.
Curiosamente, dias depois, uma amiga me enviou um e-mail com o seguinte link:

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2008/08/14/ult4477u919.jhtm


Neste link existe um artigo onde está relatado justamente o que eu pensava então:

as obras de arte "são nosso espelho e, portanto, uma ferramenta para o auto-conhecimento";

por isso, livros têm sido utilizados no tratamento de várias doenças físicas e emocionais e, entre vários citados, está lá o Oblomov!
Mas quem escreveu este livro digno de um Dostoievski?

Ivan Gontcharov foi o autor de Oblomov, escrito em 1847 e é uma pena que a edição brasileira, feita pela editora Germinal, seja tão precária, cheia de erros de ortografia, de falta de revisão e até mesmo erros de tradução. A editora nem coloca a fonte da tradução, que a meu ver deve ser francesa, já que palavras em russo terminadas em n são transliteradas com final em ne, como é o caso de barin (cavalheiro, nobre), transliterada para barine. Mas isto seria mera questão de frescura de minha parte se a revisão do texto não fosse péssima. No entanto, nada disto conseguiu tirar a excelência desta obra de Gontcharov.

Ivan Alexandrovitch Gontcharov escreveu poucos livros, mas significativos. Nascido às margens do Volga, filho de família de proprietários de terra(classe que ele satiriza no romance) no início do século XIX, especificamente em 1812, na cidade de Simbirsk (hoje Ylianovski).

Ivan teve como primeira profissão o ofício de funcionário público, aliás, como retratam poucos escritos a seu respeito, foi um pacato funcionário público, inicialmente em sua terra natal e posteriormente em São Petersburgo, para onde se mudou.

Logo em seguida à sua chegada a S. Petersburgo, dedicou-se à atividade literária e nos vinte anos registrados desse exercício, escreveu apenas três romances: "Uma história trivial", "A Queda" e "Oblamov" (lê-se "Ablómav", palavra que em russo, junto com os neologismos "oblomovchina" e "oblomovismo", tem o significado de preguiçoso, apático, lento, passivo, vontade fraca e até de medíocre e é, neste romance, o nome de seu personagem principal. O autor usou uma tática muito utilizada por Gógol: adotar para seus personagens nomes que descrevam seu caráter: assim, Gogol em "Almas Mortas" criou o personagem "Sobakievitch", nome derivado de cachorro, demonstrando, assim, o caráter grosseiro e canino de tal personagem. Criou, ainda, a Korobotchka, uma mulher bitolada e estúpida, nome que significa caixinha, bem adequado a uma tal personagem.

Oblomov é um aristocrata decadente, inicialmente funcionário público (como o autor), cheio de indolência, de "oblomovchina"! Um deprimido. Deixou a vida no funcionalismo, ao contrário do autor que foi funcionário por toda sua vida.
Dentro de sua inércia, o deprimido Oblomov fica mofando em seu quarto, onde não recebe quase ninguém, à excessão de poucos e raros amigos. Vive fazendo planos que jamais se realizarão.
Com maestria, Gontcharov faz com que seu personagem caracterize a lentidão de costumes dos proprietários de terra da Rússia, no período imediatamente anterior à Revolução de Outubro, onde ainda predominava o trágico sistema de servidão.
Oblomov se questiona "até que ponto a vida vale a pena?", "até que ponto a ambição tem sentido", "o que é viver bem".Estas perguntas são ainda bem atuais...

Na sua deprimente apatia, ele se recusa a viver a sua própria história, até que um amigo alemão entra em cena, exercendo sobre ele uma influência forte. Entra em cena, também, a figura de Olga, que veio inserir a paixão no universo de Oblomov.

E este universo que chega a ser de paixão e apatia, de depressão, de lentidão, misto de vontade de rir e de chorar, faz a suntuosidade da obra de Goncharav, que recomendo a todos os amantes da boa literatura.

Ah, e - para quem gostar do livro, fica a dica: ele já foi para as telonas do cinema, sendo fácil encontrá-lo na internet, tendo até no Youtube.
Larissa 28/04/2013minha estante
kkkkkkkk que resenha gigante, mãe!
Lembro de quando vc leu esse livro, só não lembro da história dele direito (vc comentava, né).


miluduarte 02/05/2013minha estante
Pois é, Larissa, Ele é ótimo! Eu comentava muito sobre ele: para mim, serviu de terapia. Vc deveria ler, é um dos melhores livros que temos em casa.


sara oliveira 02/02/2015minha estante
Ouvi um comentário sobre esse livro em um podcast e logo me interessei. Agora, ao ler sua resenha minha vontade de ler foi multiplicada. Obrigada, miluduarte!


Joana DArc 23/08/2017minha estante
Gostaria muito de ler esse livro. Recebi indicação de um professor. Pena que está esgotado nas livrarias e as edições disponíveis, os preços são quase impagáveis. Média de R$ 600,00. Se alguém souber edição mais em conta, em sebos, favor compartilhar informação.


Khadija.Slemen 26/08/2017minha estante
Comecei a ler a edição lisboa tinta da china tradução e notas de Antonio Pescada (portugues de portugal), estou bem no início mas já totalmente envolvida. Foi a mais em conta que encontrei, esse livro com a tradução direto do russo com a capa que aqui está o preço mais "em conta" achei no mercado livre 300,00 e pra mim não deu. Encontrei esse na cultura por 100,00.


Maristela 17/08/2020minha estante
Nunca li uma resenha tão interessante quanto essa. A forma como fala do poder exercido pela arte em nossas vidas é incrível.


julianapmeyer 20/06/2022minha estante
Adorei tua resenha!


Wash2 14/02/2024minha estante
Uma resenha que é também um elogio à literatura.




Cristiano @imagensdocris 11/09/2014

MARAVILHOSO!
A importância de ler os clássicos: ainda que no Brasil o livro OBLÓMOV de Ivan Gontcharóv , tenha uma tiragem de apenas 2000 exemplares, é em livros como este que vemos a origem das filosofias contemporâneas.

Vá à página 662, incrível como um romance escrito há quase duzentos anos, vê-se Jung, Nietzsche, Rilke e toda a pungência de um autor, ainda que desconhecido por aqui, que conseguiu ir aonde nenhum Dostoiévski (com todo respeito pois também o admiro em demasia) esteve: ao âmago existencial numa linguagem simples e direta.

Tornou-se um dos meus livros prediletos.
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André 09/06/2020

Um épico acerca da imobilidade humana! Grande referência para debater as consequências da entrada do capitalismo num país agrário e os limites 'morais' da servidão.
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Valério 01/02/2018

Sofrimento
A leitura de "Oblómov" me fez sofrer bastante. Um homem bom, honesto e puro (teria sido daí que Dostoiévski tirou a ideia para escrever "O idiota"?).
Mas que é o rei da procrastinação e da preguiça. Frágil e sensível, não suporta enfrentar o menor sinal dificuldade, que já se esconde. Enfrentamento é palavra que não existe em sua existência.
Por causa disso, é explorado por todos os lados.
E assim, passei o livro todo torcendo por Oblómov. Mas é como torcer para um time da quarta divisão contra um time da primeira. Pode até ganhar de vez em quando, mas a derrota é quase certa.
E sofremos ao ver Oblómov não reagir, não ter atitude, não correr atrás da vida.
Contudo, os melhores livros são aqueles que mexem conosco, que nos causam desconforto. E isso Ivan Gontcharóv (amigo de Tolstói) consegue com maestria.
Além de distribuir na obra diversas passagens que são de uma beleza e filosofia:
"Quando não sabemos para que vivemos, vivemos de qualquer jeito, um dia depois do outro; ficamos contentes porque o dia terminou, porque a noite terminou, e até no sono sou engolido pela maçante questão de saber para que vivi aquele dia e para que vou viver o dia seguinte".
Ou sobre o estudo do amor:
"Embora digam que o amor é um sentimento caprichoso, inexplicável, contagioso como uma doença, todavia o amor também, como tudo, tem suas leis e suas causas. E se até agora essas leis foram pouco investigadas é porque um homem, infectado pelo amor, não está em condições de observar com um olhar científico como a sensação se insinua no espírito, como ela parece entorpecer os sentimentos da mesma forma que o sono..."
Ivan causou forte impressão à época. E posso agora dizer que continua causando-a.
Um livro que não se lê: se vive.
Natalie Lagedo 01/02/2018minha estante
Amei, amei demais essa resenha! Quero ler.


Valério 02/02/2018minha estante
Tomara que goste tanto quanto gostei. Boa leitura..Obs.: A edição da Cosacnaify é sensacional. Tem a gramatura mais agradável que já vi. E é linda.


Taci 10/09/2019minha estante
Obrigada por partilhar??




JOY 20/07/2020

"Então, quando é que se vive?"
"Quando não sabemos para que vivemos, vivemos de qualquer jeito, um dia depois do outro; ficamos contentes porque o dia terminou, porque a noite terminou, e até no sono sou engolido pela maçante questão de saber para que vivi aquele dia e para que vou viver o dia seguinte."

Uma história simples, repleta de significado. Oblómov era uma homem que fugia da vida. Um homem bom não está imune a ter defeitos e, Iliá os tem: preguiçoso, procrastinador, desinteressado. Nenhum dos defeitos o torna um homem menos nobre. Oblómov é reflexo de sua criação, de sua condição, de tudo à sua volta.

Era um homem preguiçoso ou apenas buscava paz de espírito? Há um pouco de Oblomovismo em todos nós? Afinal, procrastinamos, fugimos de problemas, sonhamos e não executamos. Mas, para Oblomov, ia além: viver era um fardo.

Os personagens podem ser caricatos e algumas cenas podem ser teatrais. Mas é um livro extremamente divertido. A relação de Iliá e seu criado podem gerar boas risadas. Porém, os personagens são previsíveis, o romance deveras chato, mas nada desses defeitos tira a beleza do livro. Embora, como um bom livro russo, trate da realidade local, com os senhores de terra, Oblomov faz uma analogia interessante a assuntos atuais, como a depressão, por exemplo.

Oblómov nos permite refletir sobre a vida e sobre como nosso comportamento pode influenciar nossa realidade. Emocionante e divertido.
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Marinho 24/02/2015

Oblomovismo, o mal de vários séculos
Talvez ofuscado por outros expoentes primazes da literatura Russa, como Dostoiévski e Tolstói, ou talvez soterrado pela sua baixa produção artística (três romances em vida, e a fama de ser "um autor de um livro só"), Ivan Gontchárov e seu dom para a prosa foram de certa forma negligenciados pelas novas gerações quando se discute a matriz literária de seu tempo. De certa forma; não totalmente. Pois sua obra-prima não passou em vão pelos críticos e admiradores das letras; foi reconhecida pelo retrato de uma parcela da sociedade "entediada" e conformista com as intermitências da vida, cunhando inclusive um conceito no vocabulário russo (e, mundialmente, no literário): Oblomovismo.

É a partir do estudo do protagonista idealizado por Gontchárov que se entende tal conceito. Iliá Ilitch Oblómov é dotado de um estado característico do ser: a incapacidade de se mobilizar para alterar as circunstâncias ao redor; uma maneira extremamente passiva de encarar a vida atual e a sociedade; uma preguiça colossal, à primeira vista inexplicável, que o impede de se mobilizar para conseguir resoluções para os problemas mais simples. Ainda que dotado de uma força espiritual e intelectual, Oblómov reserva-as ao seu introspecto e aos seus momentos de reflexão sem fim, que o obrigam a tirar cochilos frequentes para "descansar a mente após tanto esforço". O Oblomovismo fica então definido pela letargia de ações, um estado no qual o indivíduo, por mais que tenha consciência de seus problemas e das maneiras de se alcançar as soluções, não se mobiliza fisicamente para tal.

Ao longo da obra nos são fornecidas várias "pistas" para se tentar explicar o Oblomovismo, através de estudo de vida de Iliá Ilitch, ainda que poucas delas sejam socialmente racionais. Mesmo que nos seja caro entender a impossibilidade de extinção de tal estado, é possível compreender as suas causas. A "parábola da vida", no qual atinge-se o ápice quando se compreende até onde chega o limite e a serventia da mesma, é um conceito interessante para tentar encaixar o Oblomovismo como o estágio decadente de tal curva, caracterizada pelo refreio da empolgação e de novas descobertas, uma "chama de felicidade" cada vez mais turva até o momento da extinção. A tranquilidade da infância e as responsabilidades da maturidade são pontos equidistantes dentro de tal parábola.

O livro foi escrito a partir de um contexto social - a classe russa que não tinha a necessidade imediata do trabalho direto, uma vez abastecida pela servidão, do qual o próprio Gontchárov fez parte e retratou com identificação - mas o conceito permanece atual. Feitas as devidas adaptações, "Oblómov" é uma história atemporal, no qual o torpor social permanece. Hoje há uma classe "entediada", principalmente membros da geração Y, que permanece indisposta ante a gama de possibilidades que o avanço sócio-tecnológico proporcionou. É o "novo Oblomovismo", o qual não se precisa mais correr atrás de informações, estando elas bombardeando o cotidiano todo o tempo, e que gera um sentimento de indisposição ao gerí-las.

Ivan Gontchárov deveria ter escrito mais. Possuía um dom nato para a linguagem escrita. "Oblómov" prova tal afirmação ao se encarar suas mais de 700 páginas (edição Cosac Naify) sem dar sinais de cansaço ao leitor. Ajudado pela tradução estilística de Rubens Figueiredo que sem dúvida ajudou a contemporaneizar a prosa, Gontchárov embala a saga de seu anti-herói com a visão subjetivo-negativista típicas da segunda geração do romantismo (ainda que "Oblómov" seja considerado um romance realista, e o seu destino pareça confirmar isso, o tom geral da obra parece fixá-lo em uma fase de transição), doses de ironia e uma enorme capacidade de descrever as profundezas sentimentais dos personagens sem fazer uso das palavras mais difíceis e inacessíveis; em outras palavras, Gontchárov parece descrever "Oblómov" talvez mais facilmente do que descreveria a si mesmo.

A complexidade dos personagens fascina, principalmente a do protagonista, talvez facilitado pela identificação do escritor com a criatura. Os personagens secundários, ainda que submetidos a uma superficialidade de ações que basicamente giram em torno do protagonista, são profundos em âmagos. Olga, retratada tanto em estado de ascensão quanto em decadência na parábola da vida, parece ser dotada da mesma melancolia ante à compreensão da vida que aflingiu e acostumou Oblómov; porém sem a inércia que o caracteriza. Stolz é caracterizado como um homem prático, objetivo, mesmo que dotado de âmago sentimental; é o antagonismo de Oblómov, o homem que não perde tempo em executar as necessárias ações. Zakhar, o criado, é como um alter ego do próprio Oblómov, a versão exponencial e exagerada do caráter deste.

Um século antes da entrada da depressão como quadro clínico, Gontchárov descreve em seus personagens a presença de tais pensamentos melancólicos, a desfiguração do cenário da óbvia felicidade, a angústia perante o presente e o futuro, mostrando que, ao contrário do que se acredita, tal estado não é um problema do nosso século, mas sim inerente ao ser humano quando este contempla as grandes inquietudes e os motivos da existência. Olga ainda possui forças para indagar-se. Oblómov, entrega-se. Nesse estado de indisposição para com a vida, o amor, essa tão esperada fuga da monotonia, a "euforia universal", a "música dos nervos", deveria ser a passagem para o estado contemplativo e feliz que tanto se espera da vida. Não é o que se vê. Resultando em uma falsa redenção, o amor, que tanto deveria construir e inspirar, acaba suprimido pela carência de se viver as coisas simples, suplantando-as com pormenores que, por fim, acabam não justificando a desistência, mas sim a incompatibilidade das vontades em se viver tal história. O oblomovismo acaba sendo mais forte que o próprio amor.

Com todas essas características que o tornam um clássico aespacial e atemporal, e dividido em quatro atos com propósitos bem definidos, "Oblómov" acaba sendo um livro muito mais sobre um estado de ser do que uma série de acontecimentos bombásticos. Escrito com maestria, demonstra a habilidade versátil do escritor, que conseguiu realizar uma obra bastante profunda e subjetiva sem se perder em longos devaneios de difícil compreensão. A linguagem do livro é simples, e de fácil identificação. Não será difícil o leitor se encontrar em algum pedacinho com Oblómov, dada a complexa descrição deste. Mas a lição é clara: é benéfico ao leitor tentar alterar a sua natureza oblomovista, ou pode acabar caindo no mesmo destino conformista que seu personagem (o próprio escritor caiu). Infelizmente, outra lição que o livro fornece é que tal tarefa não se executará com simplicidade.
Giliade 25/06/2015minha estante
Fascinante a sua resenha. O livro, que há tempos encontra-se em minha prateleira na praticamente interminável fila de espera, saltou algumas posições e não tardará a ser 'devorado'. Um abraço.


Marinho 07/07/2015minha estante
Muito obrigado, Giliade. Corre pra ler, ele é muuuuuito bom!




Daiane316 04/10/2023

Leiam Oblomóv!
Oblomóv é certamente um dos maiores; a obra retrata as transformações da Rússia em meio a mudanças sociais e políticas. Nada aqui escapa do autor, na hora em que narra-se diálogos, e no que tange em transferir as suas preocupações diante das novas gerações de seu país e os rumos no qual se encaminhava. Para além disso, criou também personagens eloquentes, carismáticos e tão reais, que a emoção não foi poupada em nenhum momento. Um baita livro sobre metamorfoses, sobre a vontade (ou a falta dela), de se adequar ou ser a mudança no meio que vive., sobre zonas de conforto e o que de mau ela pode nos causar., sobre o embate de gerações e no que nos agarramos.
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01/02/2016

Como não amar os escritores russos e seus personagens!? Como não amar Raskolnikov e Ivan Ilitch? Como não amar Oblomov e adentrar no mundo dele, chorar com ele, sofrer com ele? Creio que Oblomov é um personagem a altura de muitos grandes personagens do romance russo. O autor Ivan Gontcharov passou uns 10 anos para finalizar o livro e ele queria que fosse uma obra prima da literatura, e eu creio, com toda certeza que ele conseguiu, pois o livro é ótimo! Me senti tão cativada pelo personagem que estou passando por uma "ressaca pós livro", tanto é que está difícil começar a leitura de outras obras. Não me sentia assim desde a leitura de Crime e Castigo (outra obra magnifica).

Vi em algumas resenhas as pessoas focarem apenas no lado "preguiçoso" do personagem, mas pra mim o Oblomov é um espelho talvez para os melancólicos e deprimidos, e que nos dá uma lição importante, de que não se deve deixar a vida passar. A frase "Agora ou nunca" proferida por Stolz, o melhor amigo de Oblomov, tem o seu desenrolar no decorrer do livro. O que será que Oblomov irá escolher para si? Permanecer inerte e apático diante da vida? Ou irá mudar para sempre? Bem... isso você só vai descobrir se ler.... =D

PS: Estava com tanta saudade do personagem que fui ver o filme "Several Days From the Life of Oblomov". Sinceramente, não se pode chamar de adaptação, pois é muito mal explicado os acontecimentos, muitas cenas foram substituídas por narrativas. Com certeza, o livro sempre será superior!

site: http://www.imdb.com/title/tt0079619/
Felipe 01/02/2016minha estante
A literatura russa é fantástica. Dostoiévski e Tolstoi não são apenas os melhores escritores da Rússia, mas também os dois maiores escritores de todos os tempos. Há quem diga que "Guerra e Paz" é o maior romance já escrito, há também outros, como Freud, que dizem que "Os irmãos Karamazov" é o melhor romance já escrito. Os dois são geniais e não há nenhum outro escritor que se compare a ambos os russos. Quanto a Oblomov e as outras obras da literatura russa, pretêndo lê-las em um futuro não muito distante. Acredito que irei gostar muito.


01/02/2016minha estante
Cara se você gosta de literatura russa, você vai adorar ler Oblomov,rsrs.
Nossa eu gosto demais do jeito de escrever do Tolstoy e do Dostóievski,são os maiores romancistas da história da literatura sem dúvidas :D


Walaceboto 02/02/2016minha estante
Olha estava aguardando sua resenha hahaha.. vou retornar em breve minha leituras de Oblomov.




Amâncio Siqueira 17/05/2020

Preso em si mesmo
Ivan Alexándrovitch Gontcharov 
(em russo: Иван Александрович Гончаров; Simbirsk, 18 de Junho de 1812 – 27 de setembro 1891) publicou sua obra prima, o romance psicológico Oblomóv, em 1859. Oblomóv é um marco literário, marcando a transição de Gogol para Dostoievski e Tolstoi, e da arquitrama para a antitrama, prenunciando personagens como Brás Cubas, Hans Cartorp e Bartleby. Um romance sobre a nobreza perdida na indolência, confusa num mundo de constante mudança.
https://youtu.be/QDjxAnT7TE0
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Vanessa.Saraiva 04/01/2024

Um dos meus primeiros contos Russo.A história de Oblomov começa a se desenrolar a partir do primeiro capítulo,a vida inerte do protagonista em uma narrativa de conhecimento e o desenrolar da vida ,nos prende do início ao fim de forma surpreendente.
Livro antigo temas atuais em torno de uma sociedade que se mostra tantas vezes superficial,tornando muitas vezes difícil para aqueles que não se adequa aos padrões .
Terminei emocionada com o no na garganta.Pretendo reler em outro momento.Certamente se tornou um dos meus preferidos.Nunca mais esquecerei de Ília Lich ?
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Marcus 24/07/2015

Oblómov: ser ou não ser?
Iliá Ilitch Oblómov nunca vestiu as próprias meias, mesmo após adulto e sendo saudável. Um servo fez isso por ele desde criança, na Rússia do século 19. Junte-se a essa servidão uma preguiça e falta de atitude diante da vida como poucas vezes retratada na literatura, e o resultado é Oblómov, romance de Ivan Gontcharóv publicado em 1859.

O livro saiu apenas dois anos antes do fim da servidão na Rússia Imperial. Por mais de 200 anos, vigorou um sistema em que camponeses "pertenciam" ao dono da terra. O nobre proprietário podia dispor de seus servos nos trabalhos da lavoura e domésticos; podia mesmo vendê-los junto com o latifúndio.

Iliá Ilitch Oblómov é um desses senhores, mas há muito mora em Petesburgo, vivendo da renda da propriedade herdada dos pais. Além de visitas eventuais de amigos - mais interessados em dinheiro e favores do que propriamente amizade -, tem apenas a companhia de Zakhar, fiel mas rabugento servo. A dupla, espécie de Dom Quixote e Sancho Pança, protagoniza sequências hilárias, o alívio cômico da obra.

Zakhar passa as primeiras 150 páginas do romance de pouco mais de 700 tentando arrancar Oblómov da cama. A atitude de seu patrão muda pouco ao longo da obra (sim, ele sai da cama!), uma crítica de Gontcharóv ao decadente modelo de concentração de riquezas e terras em uma Rússia que precisa se modernizar.

Oblómov tem a sorte de contar com um amigo de infância, Stoltz, que se esforça a arrancá-lo do marasmo. Entre outros "empurrões", o apresenta a Olga, bela e meiga representante da nobreza russa. Descobrir as consequências desse encontro ficam por conta do seu prazer da leitura.

Em muitos momentos, o livro é pesaroso e melancólico como um russo sabe ser, mesclando a paisagem invernal de uma Petesburgo dividida pelo rio Neva congelado a passagens tristes vividas pelos personagens. Melancolia é um traço dessa obra. Em algum momento, cada um dos personagens é acometido pela angústia existencial.

Li Oblómov em uma bela edição da CosacNaify, com tradução direto do russo e texto introdutório de Rubens Figueiredo. O livro é encadernado em capa dura e traz páginas com estampas usadas pela aristocracia russa. Há ainda um posfácio de Renato Poggioli, crítico italiano especializado em literatura russa.

Ivan Gontcharóv é um autor injustamente menos conhecido da literatura russa. Li Oblómov por indicação de Juliana Wallauer no Qual é a Boa? do Braincast 129, de 9 de outubro de 2014. Ouvi seu comentário e fiquei atraído pela obra. Não me arrependi.

site: blogbeatnik.blogspot.com
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Jeni 11/05/2021

"Vamos falar sobre Oblómov."
?um homem de trinta e dois ou trinta e três anos, de estatura mediana, bem-apessoado, de olhos cinzentos-escuros, mas com uma total ausência de qualquer ideia precisa, de qualquer concentração nos traços do rosto. O pensamento voava-lhe pelo rosto como um pássaro livre, esvoaçava nos olhos, pousava nos lábios entreabertos, ocultava-se nas rugas da testa, depois desaparecia por completo e então parava-lhe em todo o rosto a fraca luz uniforme da despreocupação. Essa despreocupação passava do rosto para a postura de todo o corpo, e até para as pregas do roupão.?

Oblomov parece encarnar a visão da alma russa da época, impregnada de indolência, indecisão e avessa ao espírito prático. E, claro, preguiçosa, uma característica que Oblomov exibe orgulhosamente como um estandarte. Tendo na suavidade ?a expressão dominante e fundamental não apenas do rosto mas de toda a alma?, Oblomov é receptáculo de uma estranha obesidade, cA galeria de personagens que enchem o livro até que Oblomov se decida levantar da cama é de se lhe tirar o chapéu: Vólkov, ?um jovem de vinte e cinco anos, a irradiar saúde, de faces, lábios e olhos risonhos. Fazia inveja olhar para ele. (?) Ofuscava pela frescura do rosto, da camisa e do fraque?; Sudbínski, chefe de repartição, ?senhor de fraque verde-escuro com botões brasonados, muito bem barbeado, com as suiças escuras a enquadrar equilibradamente o rosto, uma expressão cansada mas calma e pensativa nos olhos, um rosto muito gasto mas com um sorriso sonhador?; Penkin, ?um homem muito magro, moreno, todo suiças, bigode e pêra. Vestia com uma negligência estudada?; Alekséiev, um homem que ouve e vê aquilo que os outros já ouviram e viram, ?uma espécie de indício incompleto, impessoal, da massa humana, um eco abafado, um reflexo impreciso dela?; e ainda Stolz, o verdadeiro contraponto de Oblomov, o seu amigo de longa data e o único em quem Oblomov verdadeiramente acredita. Será Stolz o responsável pelo virar de avesso da vida de Oblomov, forçando-o a sair do seu retiro para aproveitar a vida, dando-lhe a conhecer as aventuras e desventuras do amor.

Ainda que seja um clássico temporal, muito cingido ao espírito da época em que foi escrito, ?Oblomov? alcança a intemporalidade ao retratar, de forma singular, a alma humana ? e, neste ponto, não apenas a alma russa mas a de todo o planeta. Um pouco como as estações do ano vão dançando alternadamente, ?Oblomov? desenha um círculo perfeito sobre a vida, começando e terminando com aquilo que ela tem de mais nobre e ingénuo: o sonho. com um corpo que ?parecia demasiado efeminado para um homem.? Para ele, estar deitado fica longe de ser uma necessidade: é, antes, um estado natural.
A galeria de personagens que enchem o livro até que Oblomov se decida levantar da cama é de se lhe tirar o chapéu: Vólkov, ?um jovem de vinte e cinco anos, a irradiar saúde, de faces, lábios e olhos risonhos. Fazia inveja olhar para ele. (?) Ofuscava pela frescura do rosto, da camisa e do fraque?; Sudbínski, chefe de repartição, ?senhor de fraque verde-escuro com botões brasonados, muito bem barbeado, com as suiças escuras a enquadrar equilibradamente o rosto, uma expressão cansada mas calma e pensativa nos olhos, um rosto muito gasto mas com um sorriso sonhador?; Penkin, ?um homem muito magro, moreno, todo suiças, bigode e pêra. Vestia com uma negligência estudada?; Alekséiev, um homem que ouve e vê aquilo que os outros já ouviram e viram, ?uma espécie de indício incompleto, impessoal, da massa humana, um eco abafado, um reflexo impreciso dela?; e ainda Stolz, o verdadeiro contraponto de Oblomov, o seu amigo de longa data e o único em quem Oblomov verdadeiramente acredita. Será Stolz o responsável pelo virar de avesso da vida de Oblomov, forçando-o a sair do seu retiro para aproveitar a vida, dando-lhe a conhecer as aventuras e desventuras do amor.

Ainda que seja um clássico temporal, muito cingido ao espírito da época em que foi escrito, ?Oblomov? alcança a intemporalidade ao retratar, de forma singular, a alma humana ? e, neste ponto, não apenas a alma russa mas a de todo o planeta. Um pouco como as estações do ano vão dançando alternadamente, ?Oblomov? desenha um círculo perfeito sobre a vida, começando e terminando com aquilo que ela tem de mais nobre e ingénuo: o sonho.
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Roberta 02/06/2020

Impossível não simpatizar com o Oblómov, o inerte herói desse livro maravilhoso. É um daqueles livros que acompanham você mesmo depois da leitura.
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