spoiler visualizarRobson Koudan 13/05/2016
Akira
Akira é considerada a obra máxima de Katsuhiro Otomo, que teve seus mangás (quadrinho japonês), publicados na década de 80, no Japão, pela Young Magazine, e no Brasil, pela editora Globo nos anos noventa. A JBC detém os direitos da republicação, o que fará em breve, então essa será uma boa oportunidade para os que não conhecem passar a se inteirar desse magnífico mangá e os fãs antigos terminarem sua coleção, pois sua publicação não foi regular por aqui, o que nos fazia sofrer bastante. A edição brasileira era muito bem acabada por ser distribuída no mesmo formato americano, ou seja, colorida; ao contrário do Japão, onde o mangá, até onde eu sei, é preto e branco, eu acredito que ele será relançado como em seu país de origem. Mas nunca vi ninguém reclamar da qualidade de cor e capa que ele recebeu no ocidente. Eram belíssimas!
Continuando, a obra ficou mais conhecida no ocidente pelo longa animado que trazia inovações técnicas, não devendo a nenhuma da Disney, pelo contrário, era extremamente superior, isso lhe rendeu prêmios e criou escola Japão a fora, além de uma legião de fãs pelo mundo, e é difícil, ainda hoje, qualquer um não se admirar com sua qualidade. Com tamanho sucesso, não é de se descartar a possibilidade de um live action para o cinema. Quem sabe depois de Ghost in the Shell, a Sony não desengaveta a versão hollywoodiana do Akira.
A história é uma distopia, subgênero da ficção científica tão em voga hoje em dia, ou para os fãs de RPG (Role Playing Games), pode-se considerar um cyber punk. Ela tem início com uma grande explosão na cidade de Tóquio, Japão, que foi devastada, resultando na Terceira Guerra Mundial, e sendo reconstruída mais de trinta anos depois, tornando-se Neo-Tóquio. Do cenário futurista da moderna cidade, tem o início da trama, que no mangá, é linear, mas com flashsbacks antes da primeira explosão entregues a conta-gotas por personagens como o Coronel Shikishima e três outras enigmáticas e paradoxais, crianças velhas, fruto da mesma experiência do Akira, Masaru, Kiyoko e Takashi, entre outras no desenvolver do enredo.
Agora farei um spoiler leve, e tenham certeza, não prejudicará em nada a experiência daqueles que querem ler o mangá ou assistir ao longa animado. Caso não queiram saber, pulem este parágrafo a partir de agora. Pronto?! Vamos lá. A explosão original foi causada por Akira ou número 28, que dentre as crianças era a mais poderosa, e a circunstância da explosão foi a morte de um homem ao seu lado alvejado com um tiro na cabeça. Por ser o mais poderoso e sensitivo dos telecineses, ele sentiu a dor do homem, perdendo o controle de seu poder, gerando uma explosão que engoliu grande parte da cidade.
Voltando sem spoiler. Conforme dito acima, Akira ou número 28 (desculpa a redundância) era tido como a criança mais poderosa desse programa governamental para transformá-los em armas, e seu desaparecimento após a guerra o fará cair no esquecimento.
Muitos anos depois, após a reconstrução de Neo-Tokio, ocorria no submundo dos contrabandos à venda de uma droga conhecida por pílula, que dava momentaneamente poderes telecinéticos aos seus usuários, e o nível de proeza alcançado dependia do organismo de cada pessoa. Outros não precisavam da droga para essa experimentação, devido a sua fisiologia cerebral lhes proporcionarem a capacidade de canalizar o poder de um telecinese mais forte, tornando-se uma espécie de avatar de quem o controlava a distância, é o caso de uma personagem relevante chamada Kei ou Kay, namorada de Kaneda Shotaro, líder de uma gangue de motoqueiros.
Tetsuo Shima, um jovem alienado integrante dessa mesma gangue, começa a desenvolver seu poder psicocinético de forma espantosa sem o auxílio da droga, o que chamará a atenção do exército japonês, que o perseguirá na tentativa de se evitar outra catástrofe semelhante àquela de décadas atrás.
Nesse ínterim, Kaneda que tem Tesuo como um irmão, num primeiro momento tenta resgatar o amigo que nutre um misto de inveja e admiração por ele, todavia, o poder de Tetsuo lhe sobe literalmente à cabeça, tornando-se inimigos e tentando se matar mutuamente. Como se não bastasse tudo isso, Tetsuo tem conhecimento sobre o não mais esquecido Akira, que ele passa a procurar enfrentando o exército ou quem se meta em seu caminho.
No mangá, a história se alonga por uma Neo-Tóquio devastada num momento posterior, surgindo fanáticos religiosos, gangues que se utilizavam das pílulas para oprimir os rivais, grupos dissidentes das forças armadas, entre muitos outros que formam a cada momento um núcleo bem interessante no decorrer da história. Aliás, as personagens femininas, nada deixam a desejar aos homens, sejam em força ou inteligência, há inclusive um grupo composto essencialmente de mulheres armadas.
Na animação, teremos um resumo, em linhas gerais, dos últimos capítulos do quadrinho, e deixa de fora personagens carismáticas que não apareceram, é o caso do tenente Yamagata, que pra mim teve um dos melhores arcos na história; outros não tiveram a chance de ter explorada sua importância, é o caso da Lady Miyako, uma líder religiosa que teve uma aparição relâmpago.
A sugestão da animação é muito válida. Para aqueles que leram meu post sobre Ghost in the Shell, eu mencionei que aquela animação não era de fácil assimilação, mas no caso dessa, ela é bem tranquila de ser entendida, talvez você possa achar um pouco corrida, o que não será nada de mais.
Engraçado, que antes de eu conhecer o mangá, pensava que o Kaneda era o Akira devido a sua imagem com o rifle laser ou em sua motocicleta ser amplamente divulgada com o título, então, não caia na mesma armadilha que eu. Akira é uma criança, quase um mito, e o rapaz invocado de jaqueta e calça vermelha, é o Kaneda.
Essa obra foi de grande influência no final do século XX, tanto que não é difícil você encontrar numa busca pela internet ou no YouTube, imagens e vídeos da motoca estilizada do Kaneda, criada por fãs ou pela indústria como propaganda de sofisticação e design, confiram, e vejam com os próprios olhos.
O sucesso de Akira foi tamanho, que influenciou muitas histórias de tema relacionado, inclusive por aqui houve uma novela similar, que eu não vou mencionar o nome, para não ser acusado de calúnia.
Espero que tenham gostado e se verem os quadrinhos nos sebos, compre-os, e os anuncie. Para um colecionador ávido, ele pode valer um bom dinheiro.
site: http://www.sempreromantica.com.br/2016/05/akira-katsuhiro-otomo-por-koudan.html#comment-form