Thaís 26/03/2024
Muita desgraça antes da desgraça principal
A ideia do livro em si é muito boa. Humanizar histórias de pessoas que passaram por um massacre como esse, contando quem elas eram antes e também como isso as afetou, realmente é de uma sensibilidade tremenda. O livro também é escrito de forma bastante fluida, o que o torna ainda mais fácil de ler.
Dito isso, eu não sei o que esperava, mas não era isso. Por muitas vezes senti que a autora não sabia descrever a experiência das meninas como negras (por ser branca), ao mesmo tempo que reforçava alguns esteriótipos raciais, tornando a vida das personagens uma desgraça atrás da outra mesmo antes da maior desgraça de todas. Indico muito o filme American Fiction para entenderem melhor meu ponto. Consigo enxergar claramente que a história teria outro desenvolvimento caso a autora tivesse escolhido retratar a história de uma menina branca, o que talvez fosse até melhor para que ela pudesse falar com mais propriedade.
Além disso, o fato dos capítulos serem muito pequenos me causou uma sensação do livro ser muito maior do que era de fato. Fiquei desesperada quando me peguei no capítulo 40 e nem na metade estava.
Apesar das críticas, acredito que seja um livro
necessário, por colocar em ficção um massacre verdadeiro que marca a história carioca. Sei que para muitos pode ser utilizada para refletir.