Cinde.Costa 16/09/2021
Apaixonante!
Lúcio é um motorista de ônibus e, diariamente, faz sua rota urbana sem grandes contratempos. Porém, um dia, observa um menino entrar no ônibus, caladinho, no primeiro horário da rota e só desembarcar no fim do dia. Todo dia. Por que o menino passa tanto tempo no ônibus sozinho, diariamente?
O menino solitário que Lúcio conhece é "Pulga". Ele passa o dia todo em seu ônibus, pois não tem para onde ir. Sensibilizado com sua história, Lucio vai ajudar no que pode, sendo o amigo que o menino de rua nunca teve.
Devo confessar que foi um privilégio conhecer essa história, pois o "Pulguinha" é uma criança como qualquer outra cheia de sonhos, desejos e medos, mas, que infelizmente, um conjunto de circunstâncias externas a ele - bem exploradas no livro - o fizeram viver em uma rua mal afamada, abrigado em um prostíbulo. Ocorre que o cafetão desse lugar assusta o menino, impelindo-o a buscar abrigo no ônibus que Lúcio dirige.
Ao mesmo tempo em que somos convidados a conhecer as ruas, pessoas hostis e hostilizadas, e os perrengues do Pulguinha, também conhecemos a face humana da solidariedade, da empatia e da perseverança. O autor nos choca com a realidade, mas é como se também dissesse: "nem tudo está perdido se formos empáticos uns com os outros". Mais do que casa e comida, Pulguinha precisa de alguém que o deixe ser criança por mais tempo. Lúcio terá que decidir, então, junto à sua família, como vai ajudar o menino a conquistar esse objetivo.
Essa história é narrada, majoritariamente, pelo Lúcio, em primeira pessoa. Nas sequências com o Pulguinha, quando ele está sozinho, existe um narrador. Essa alternância é bacana e ajuda a leitura a fluir bem. Além disso, é uma escolha inteligente pois nos sensibiliza mais, uma vez que o Pulguinha pode não entender toda a hostilidade que o cerca, mas a gente, quando lê, entende. Infelizmente.
Eu RECOMENDO essa história.