Rodrigo.Weit 12/05/2017
Um bom começo para a trilogia autobiográfica
O primeiro livro da trilogia autobiográfica de Edmund White nos traz sua infância e adolescência, um garoto gay crescendo nos anos 1950 no meio oeste americano. No entanto, ele mesmo nos alerta que as memórias mais persistentes e claras são ligadas e complementadas por episódios fictícios, que nem por isso deixam de transmitir sentimentos verdadeiros e revelações importantes sobre o narrador. Edmund nos traz uma escrita capaz de exprimir sentimentos profundos e análises complexas, através de um estilo lírico e bem trabalhado. As memórias são fragmentárias e compõem um trajetória irregular, permeando momentos muito bons com episódios monótonos e personagens pouco importantes – a sensação que ficou é que poderia ser um livro mais curto. No entanto, os trechos bons pertencem à categoria da excelência, pois conseguem exprimir de maneira eloquente ideias e sentimentos que, até então, eram apenas noções vagas de verdades que encontrei em mim mesmo. Com isso, temos um personagem minuciosamente analisado, com toda sua psicologia desnudada. É um bom começo para a série, que espero, melhore ainda mais.
O livro conta com muitas outras passagens como essa, muitas delas líricas, com metáforas bastante bonitas. A escrita é rica, com frases bem estruturadas e linguagem bem desenvolvida. No entanto, muitas vezes cai na prolixidade e acaba gerando a sensação de repetição e enfado, o que poderia ser evitado com um livro mais curto, com uma trama mais dinâmica e melhor organizada. Ainda assim, o autor exibe uma capacidade grande de acertar o alvo e conseguir exprimir ideias e sentimentos bem difíceis, o que para mim, é o ponto alto da obra e o que geralmente espero na boa literatura. É um bom começo para a trilogia, que espero, melhore ainda mais.
Resenha completa no link abaixo:
site: http://www.literaturagay.com.br/a-boys-own-story-edmund-white/