julia 28/07/2020 2,5
Essa foi a minha primeira experiência com audiolivro de ficção. Escolhi esse dentre as opções escolhidas no Scribd, porque era curto e eu já tinha visto uma resenha com algumas críticas que já tinham me convencido que eu não pegaria esse livro para ler de outra forma, mas que eu provavelmente ia gostar se o lesse. E, de fato, acho que minha avaliação estava correta.
O negócio dessa história é que tem elementos muito interessantes, mas não funcionou muito para mim.
As personagens são relativamente interessantes, mas achei meio rasas? Não sei se era porque eu estava escutando e não lendo com os meus olhos, mas eu tive certa dificuldade em guardar características marcantes de cada personagem. Na minha cabeça era: Esther é a protagonista, Bet e Leda são o casal, Cye era a pessoa nb e interesse romântico, Amity era a que apareceu depois junto com as outras duas meninas que eu não lembro o nome. Não me apeguei a nenhuma delas. Achei interessante o arco da Esther, de ir percebendo que existem pessoas iguais a ela e tal, mas ao mesmo tempo ela era meio chata? Não senti muita profundidade, não sei. A Amity acabou sendo a qu eu mais gostei, mas ao mesmo tempo não senti que ela foi explorada direito. O conflito com ela, aliás, foi todo esquisito. Ela era uma assassina e as bibliotecárias eram contra o que ela fazia, mas todo mundo trabalhava para a mesma pessoa????? E as bibliotecárias não tinham crise com isso??? Ou a questão era que a Amity achava o trabalho dela mais importante? Sendo que se o trabalho das bibliotecárias era levar suprimentos para a Resistência nos diferentes estados, então, de fato, o trabalho da Amity era mais importante, porque era toda a razão de ser daquela organização. Sei lá, achei que tinha potencial explorar esse embate entre o trabalho de sujar as mãos com assassinato e um trabalho de conscientização através de livros, mas, pelo que eu entendi, nem era exatamente isso que as bibliotecárias faziam.
Ao mesmo tempo, eu reconheço que essa pode ter sido uma limitação pessoal tendo em vista o formato que eu escolhi para consumir essa história. Então sei lá.
Aí entra a questão da construção do universo. Porque a ideia de fazer uma distopia que mais se parece com um cenário de faroeste é genial. Mas o livro não explora aquele mundo! Fala que tem uma guerra, que o poder central é ruim, sem explorar a política daquele mundo. Aí quando aparece a Resistência eu fiquei tipo: okay, estão lutando contra tudo isso que tá aí, mas pra colocar o que no lugar? E não ter essa resposta não necessariamente me incomodaria, se não fosse o fato de que tem toda uma reviravolta e um ponto importante do enredo que parte de um conflito entre pessoas que estão do mesmo lado. Então tipo. Achei fraco. Queria que fosse mais explorado. Ou que realmente não fosse explorado, porque aí talvez eu não percebesse esse vácuo na narrativa.
Enfim, muito dar essa nota, porque eu sinto que ouvir audiolivro de ficção realmente não é a minha praia. Ler com os meus olhinhos é muito mais imersivo, porque significa que eu vou parar tudo que eu estou fazendo e me dedicar exclusivamente à leitura. E aí eu realmente estou na dúvida, se esses pontos que eu não gostei foram porque alguma coisa se perdeu no meio que eu escolhi para ler ou se realmente são furos que me incomodariam de qualquer jeito.
Bom, pontos positivos: representatividade LGBT muito bem construída (a apresentação de Cye foi 10/10) (ou seria se não fosse a Esther babando por outra pessoa logo depois de perder a ex dela ENFORCADA NA FRENTE DELA pelo amor de DEUS) e a descrição realmente cria uma atmosfera legal de faroeste.
Sei lá, acho que fui muito MALDOSA na minha resenha, mas é que realmente todos elementos me incomodaram. Mas não foi uma má leitura. Na minha escala de estrelinhas, eu categorizo duas estrelas como "okay, cumpriu o papel". E eu dei duas E MEIA, então tá bom né? Eu só gosto de reclamar mesmo.
Leia esse livro se você estiver carente de representatividade. O livro em si eu achei meio meh, mas nesse quesito realmente a pessoa que escreveu mandou bem.