Yasmin675 22/09/2020
Meu mais novo favorito
Eu estava muito animada pra ler esse livro, mas muito mesmo. A premissa de um livro com a história de Jack Frost me pegou de jeito, e apesar de não ser exatamente o Jack Frost, Jack Sommers não me decepcionou. Desde que soube do lançamento eu sabia que seria o tipo de livro que iria me prender e fazer com que eu me apaixonasse pelos personagens e o conteúdo da história, e foi exatamente o que aconteceu. Porém, eu esperava um YA mediano e bem água-com-açúcar, e a autora me presenteou com uma fantasia estruturada com um sistema de magia diferente e coerente, além de personagens carismáticos e profundos.
Tudo começa com a mudança de estações. O ciclo muda de acordo com as mortes de cada season, a caçada se inicia e o predador tem a responsabilidade de matar sua presa e mandá-la de volta para o observatório, preservando o ciclo e dando seguimento a mais uma rodada. Cada morte lhe dá a oportunidade de subir no ranking e manter a sua sobrevivência. As coisas começam a dar errado quando Jack (Winter) e Fleur (Spring) se apaixonam e Fleur está próxima da linha de extermínio. Jack, ciente dos riscos, resolve juntar seus colegas e encontrar uma saída, uma chance de libertação do ciclo doentio de morte em que são forçados a viver. E assim, Jack, Fleur, Amber e Julio fogem (com seus handlers) e a jornada se inicia.
O ponto forte desse livro é o desenvolvimento de personagens, apesar de termos apenas dois pontos de vista, é muito perceptível o que a autora tenta entregar aqui (indo além dos 4 protagonistas, podemos destacar Chill, Poppy e Marie como exemplos disso). Jack é um protagonista interessante, tive dificuldade com ele no início pois pensei que ele ficaria sempre naquela visão que ele tinha, mas ele evolui (e muito) conforme o enredo vai se desenrolando.
Jack é um protagonista real, sabe o que quer e o que precisa para conseguir isso, e está disposto a fazer sacrifício para garantir a sobrevivência e o bem estar de todos com quem se importa. E, considerando sua história de origem, é muito bonito ver a evolução dele e sua construção como herói. Fleur também é interessante, pensei que ela ia ser apenas o love interest murcho, mas a narrativa estava mais focada nela do que eu pensava e Elle Cosimano constrói a personagem com maestria, direcionando seus pontos fortes (e fraquezas também) de modo que seja fácil identificar quem ela é (por essência e escolha).
Julio é a cereja do bolo, tem tudo para ser um grande favorito, engraçado, inteligente e carismático, pintado pra ser um rival do protagonista (e tinha tudo pra ser mesmo), o garoto Summer se apresenta como um toque de sutileza para o grupo. Geralmente, ele é quem dá uma acalmada nos nervos e no ritmo acelerado da narrativa, mas mesmo assim ele não serve só de muleta para a autora e tem muita profundidade (mais até do que eu esperava ver). Gostei da representatividade latina através do Julio, porém, queria que isso tivesse sido um pouco mais explorado. Amber é a única do quarteto que eu tinha quase certeza de que ia detestar, mas fico feliz em dizer que isso não aconteceu, ela é interessante e misteriosa, e gosto de como ela cresce como pessoa no andar da narrativa.
Mas nem tudo é perfeito, tenho apenas duas críticas a fazer. A primeira: falta de representatividade LGBT+. Não faço parte da comunidade mas estou habituada a encontrar personagens com essa característica e me decepcionou um pouco o fato de que não haviam, pelo menos não explicitamente, personagens LGBT+ na narrativa, quem sabe no livro 2 a autora nos dê um personagem abertamente LGBT+ de presente?
A segunda crítica é sobre o plot dos handlers. Tirar eles de cena por conveniência pro plot principal e depois trazer todos de volta como se nada de importante tivesse acontecido me pareceu muito preguiçoso, eu não gosto muito quando os autores usam personagens secundários de muleta pra resolução de problemas, mas estou disposta a deixar passar em prol da experiência do livro.
No mais, gostei de como o sistema de magia se estrutura. Chronos é um vilão interessante e apesar de ser um deus, se apresenta de uma forma bem humana dependendo do ponto de vista. Lyon é um personagem vital para a história, indo além da figura de mentor, mas como um verdadeiro agente participativo da história e com uma grande importância para o desenvolvimento do Jack. Achei Gaia um pouco apagada, eu esperava que ela fosse a vilã do livro mas as coisas caminharam de outra forma e fiquei feliz por isso.
É um livro hit or miss. Se você não estiver investido nos personagens, ele não vai funcionar tão bem assim pra você. No meu caso, eu consegui me apaixonar por todos (ou quase) e torcer por um desfecho feliz, o que contribuiu muito para a experiência positiva que tive. Se tornou um favorito e mal posso esperar para ler o livro seguinte.