Hercilio.Helton 22/09/2021
"Deus Todo-Poderoso", suspirou Orso. "Quatro horas atrás, eu estava completamente bêbado, vitorioso e desmaiado na minha cama. Agora vamos gastar nossos ganhos para travar uma guerra contra navios gigantes e personalidades místicas!"
Assim começa a continuação de Foundryside, Shorefall.
Shorefall foi um livro... complicado(?). Talvez essa não seja a melhor palavra. Vamos tentar explicar melhor.
A história de Shorefall começa 3 anos após os acontecimentos do final de Foundryside. Sancia, Orso, Berenice e Gregor continuam sendo os personagens principais porém agora com novos objetivos.
Eu tive alguns problemas com esse livro.
Primeiro: A magia. No primeiro livro a magia de Foundryside é introduzida como uma espécie de ciência super complicada, com regras e com lógica e, por conta disso, por mais complexa que seja, o leitor consegue meio que vislumbrar os limites dessa magia. O que é possível e o que não é possível ser feita com ela. Um verdadeiro sistema de "hard magic".
Porém em Shorefall sinto que a magia tomou um outro rumo. As regras e lógicas que nos são apresentadas no primeiro livro são, aparentemente, beeem maleáveis e acontecem coisas que (eu pelo menos) não vi como poderiam fazer sentido dentro da forma como a magia deveria "operar".
Isso é um ponto completamente pessoal. Sei que muitas pessoas não ligam pra isso. Mas eu sim. Não tenho nada contra "soft magic", sou fã de Harry Potter, Senhor dos Anéis, Riyria e A Sombra do Corvo - todos eles usam um sistema de magia bem livre e sem regras claras, mas ainda prefiro o oposto e isso foi uma das coisas que mais me fez gostar do primeiro livro que, da forma que foi apresentada, me lembrou muito Warbreaker e Fullmetal Alchemist, e agora no segundo livro sinto que essa ideia foi simplesmente deixada de lado 😔
O segundo ponto que não gostei foi a interação entre os personagens. Esse ponto realmente não fez sentido nenhum em alguns momentos.
Os personagens pareciam repetir as mesmas falas sempre. Em outros momentos o mundo estava "literalmente" acabando e eles tendo que resolver alguma coisa urgente mas paravam em momentos críticos para discutirem coisas que deveriam ter zero relevância naquele momento.
Sancia e Orso, meus personagens favoritos do primeiro livro, fazendo comentários sem sentido e sendo "rebeldes sem causa". Realmente não cairam bem comigo.
Mas...
Porque ainda assim 4 estrelas, meu deus?!
Simples. A história é sensacional. O livro é ação do começo ao fim, e no meio dessa ação temos respostas de muitas coisas.
"Se houver uma pessoa viva com mais poder do que eu, então com o tempo as circunstâncias eventualmente se degradarão até que, inevitavelmente, eu seja seu escravo. E se nossas situações forem revertidas, então eles se tornarão inevitavelmente os meus."
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Nesse livro, diferente do primeiro, tiveram alguns plot twists que realmente me pegaram (muito) de surpresa.
Conhecemos um pouco mais sobre o primeiro hierofante Crasedes Magnus. Aprendemos mais sobre a mãe de Gregor, sobre Clave (Clef em inglês) e sobre Vanessa, a personagem misteriosa que aparece no final do primeiro livro.
A resolução de tudo foi incrível. O final foi maravilhoso.
Faltam adjetivos pra descrever o que aconteceu.
E a vontade de ler o terceiro livro já está grande.
"Aprenda o que sua cidade esqueceu," ele disse. "O quê os homens no poder têm sempre esquecido através da história - Que sempre, sempre há alguém mais poderoso."