Fran 11/11/2019 Amor e a segurança não partilham o mesmo caminho A tragédia Hamlet teve sua releitura na visão de Ofélia — título do livro —, mulher a quem Hamlet deu seu amor. Nesse livro, temos um cunho feminista bem forte traçado na personalidade de Ofélia, no fato de que ela é uma ave bem diferente das outras damas da corte e cujo canto jamais poderia ser ouvido dentro dos muros de Elsinor.
Quando Ofélia chama a atenção da rainha e é levada pelo pai ambicioso — também um dos conselheiros do rei — a garantir certo status na corte, ela se reencontra com o amor de sua infância, Hamlet, príncipe da Dinamarca. Envolvendo-se amorosamente com o príncipe, Ofélia vai descobrir que nos jardins daquele castelo se escondem muitas cobras cruéis o suficiente para dar o bote, após oferecer uma rosa de favores.
Durante a leitura, percebi que Ofélia amadurecia e aprendia rapidamente. Com diálogos — da infância em tons ríspidos aos já moça, repletos de sabedoria e audácia — é notória que, de forma inteligente, a garota se esgueira na corte, retirando informações, tornando-se aliada e, ao mesmo tempo, caindo nas redes da paixão descontrolada, acreditando cegamente que suas palavras repletas de sentimento são capazes de umedecer o mais seco arado.
Não havia lido romances históricos antes, mas sei que, mesmo ocupando certa formalidade no texto, a paixão entre os protagonistas deve causar borboletas no estômago do leitor, o que infelizmente, deixou a desejar nesse livro. Os atos de romance entre Ofélia e Hamlet traçavam um relacionamento sem graça, muitas das vezes envolvido apenas por juras de amor juvenis. E, mesmo que a tragédia da história pudesse compor um amor verdadeiro e cruel, não me foi tão chamativo.
Por sorte, temos uma protagonista com valores e, conforme se toma prova de que a solidão a segue mesmo estando apaixonada, ela decide traçar seu próprio caminho entre as ondas, tomando decisões, compondo uma trajetória forte e fantástica. Fui incapaz de torcer contra ela, mesmo nos momentos em que desaprovei suas escolhas ou atitudes. Ela é alguém de quem vou me lembrar.
É na realidade cruel de que o amor e a segurança não partilham o mesmo caminho que esse livro deposita todas as suas fichas, deixando categoricamente claro que o mundo é feito, muitas vezes, de escolhas cruéis.
site:
https://www.minhavidaliteraria.com.br/2019/11/08/resenha-ofelia-lisa-klein/