Claire Scorzi 23/07/2020
Porque os Fins Não Justificam os Meios
Eu tive seis suspeitas específicas sobre alguns episódios deste livro e seu enredo.Todas as seis estavam ou corretas, ou parcialmente corretas.
Na minha opinião, não houve pontas soltas; ou então eu não consegui percebê-las. O único aspecto da trama que poderia ser considerado uma ponta solta para mim funciona como uma possibilidade ou para outros livros, ou apenas para acrescentar um toque de denúncia final à história. Que soa como um grande, imenso, doloroso protesto à máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios. Não justificam.
Ou ainda, como gosto de pensar: Não se pode chegar a um fim moral por meios imorais, isso se fosse possível fundamentar um objetivo moral ao que acontece aqui; mesmo um "fim moral" pode ser corrompido, e penso que ele já está corrompido quando os métodos para obtê-lo são cruéis, desumanos, pervertidos, como ocorre no livro.
Gostei muito dos personagens - Jak, Harper, Mark, Laurie - e talvez só não possa dar 5 estrelas porque meu desejo de uma interação maior - mais explícita, porque, sim, ela está presente na história - entre Mark-Laurie e Harper não se concretiza. Quem ler vai entender. Acho que o problema foi que a autora tinha outras interações emocionais entre os personagens a serem feitas, a serem desenvolvidas; e aquela entre Jak e Harper foi a priorizada. Não que isso seja ruim. Não foi. Porém eu queria que o romance tivesse conseguido "amarrar" mais a outra, dar-lhe o espaço merecido.
Esta é uma história sobre perda - da inocência, principalmente, porém outras perdas também - superação, amor sexual, amor familiar, amor - amor que nos mantém vivos. Amor aos livros. Amor a outras criaturas vivas, porque mesmo esse amor mais simples pode fazer a diferença entre viver e suportar.
A escrita de Mia Sheridan tem uma certa poesia, e, embora às vezes chegue perto do excesso de açúcar, tem méritos; pretendo ler outros livros da autora.
E as citações literárias! Não podem ser esquecidas. Uau.