anaartnic 13/11/2022
Eis Margaret, a primeira
Me interessei por Mundo Resplandescente ao descobrir que foi o primeiro livro de ficção científica da história, escrito por uma mulher e em uma época a qual muitas mulheres eram privadas do acesso a conhecimentos científicos. Estamos em 1666, e Margaret embora não possa ser Henrique V ou Carlos II, ainda sim se empenhou (e conseguiu) ser Magaret, a primeira a escrever algo que deu origem ao gênero de ficção científica.
A primeira questão não é esperar un livro cheio de emoções, reviravoltas e jornadas de heróis, pois ele foi escrito com o objetivo de gerar discussões científicas e filosóficas por meio da ficção, assim trata-se de um ornamento muito interessante para discussões de três principais esferas (pelo menos as que eu notei mais sobressalentes): Absolutismo, conhecimentos da natureza e questões metafísicas/religiosas.
O livro conta a história de um mulher que, ao ser raptada pelo amante para uma fuga, vai parar em um outro mundo: O mundo resplandescente. Esta terra é habitada poer criaturas mágicas, tritões, unicórnios, homens-verme, homens-urso, homens-pássaro e assim por diante. Ao chegar lá o imperador deste mundo encanta-se com sua beleza e a torna imperatriz deste mundo. Cabe citar que ela possui uma recepção pacífica, não se trata de um povo violento.
A parti daí, a imperatriz busca organizar seu reino, iniciando pela divisão em escolas de conhecimento científico, cada grupo fica responsável por uma área: Matemática, solo, astronomia, debates, etc. Grande parte do livro se dá nas audiências que a imperatriz possui com estes grupos, fazendo perguntas e tendo respostas teóricas, baseadas na observação e filosofia.
Após as discussões científicas, a imperatriz busca respostas dos espíritos sobre questões metafísicas, e convoca o espírito de uma duquesa que se torna sua conselheira política, com um grande discurso absolutista. Existem outros desdobramentos da gestão do mundo resplandescente, no entanto não quero dar spoilers.
Por fim, o livro não possui muitos diálogos diretos e discussões mais banais, o foco total é em uma narrativa encantada promover e defender as teses da autora (este livro, inclusive complementa uma obra teórica de Cavendish).
Considero a leitura muito rica no quesito histórico, sobretudo por ser o pontapé da ficção científica, no entanto em questão de enredo, com certeza é uma obra que não agrada muito justamente pelo enredo ser um mero veículo para as digressões filosóficas. Recomendo para quem tem muito interesse no gênero literário e quer conhecer mais as suas origens.