Zeka.Sixx 11/12/2019
Poemas sem floreios - graças aos deuses!
Uma bela leitura este livro de poemas do Matheus Peleteiro - uma cara muito gente fina, ainda que eu só o conheça pelas redes sociais. Escrever poesia nos dias de hoje exige um bocado de coragem (e um tanto de loucura, eu diria), mas logo nas primeiras páginas é possível perceber que o livro pertence a outra turma: nada daquelas poemas rebuscados, parnasianos, que tanto nos traumatizaram nas aulas de Literatura no colégio. Matheus escreve utilizando a linguagem do homem comum, do cara que se apaixona e desapaixona - muitas vezes pelas razões erradas. É uma vibe que lembra clássicos como "Tempo de Voo para Lugar Algum", do Bukowski.
Foi acalentador ler esse apanhado de poemas escritos "com o coração na ponta do teclado"; mesmo com o tom de aparente melancolia que permeia o livro, há sempre uma nota de esperança como impressão final, o que me fez terminar a leitura com um sorriso no rosto, mesmo quando penso no quão impiedoso esse ano de 2019 tem sido comigo.
"todo homem jovem deseja a sapiência de um ancião
mas se esquece de que tudo o que
o ancião deseja quando chega ao fim da linha,
é mais um instante com aquela mulher
que abandonou quando era jovem e
não enxergava nada
além de sua rebeldia narcisista"