Nasch.is 19/12/2023
Uma narrativa sobre viver
Acho que, acima de tudo, é sobre isso que se trata o livro: sobre viver e existir no mundo.
A narrativa vai nos puxar para dentro da família O'Brien durante todo o processo de descobrimento e convívio com a doença de Huntington. O livro é narrado principalmente por Joe, um policial e pai dessa família que irá, em certo momento da trama, receber o diagnóstico da doença neurodegenerativa.
A escrita fluida da autora torna a leitura rápida e dinâmica, mas sem nunca perder o sentimentalismo e a densidade dos assuntos a serem tratados. Incontáveis vezes encontrei-me às lágrimas durante a leitura. Chorei de tristeza, de alegria e principalmente de encanto frente a beleza que pode ser a vida mesmo em meio à dor.
E esse é, para mim, o maior ensinamento do livro: existe alegria em meio ao sofrimento tanto quanto existe sofrimento em meio a alegria.
Agora, é importante estar atento que esse não será um final convencional, e nem seria justo se o fosse. Caso você entre na história esperando receber o começo, meio e fim da vida dos personagens e a solução de todos os problemas, talvez ele te deixe a desejar, além de um pouco incomodado. E confesso que o final me pegou desprevenida, mas depois de refletir um pouco, não acho que esse livro poderia acabar de qualquer outra forma. Estamos acompanhando uma parte da vida dessa família, não faria sentido finalizar o livro amarrando todos os conflitos e sem deixar nenhuma ponta solta, não seria justo nem com os O'Brien, nem com a proposta da narrativa.
Essa é uma história que vai muito além da díade de ter ou não Huntington, muito além de uma visão maniqueísta. A família O'Brien é, acima de tudo, uma história sobre amor, gratidão e esperança