Angela 19/08/2021
A doença de Huntington (DH) é uma disfunção neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva do controle motor voluntário e pelo aumento de movimentos involuntários, não existindo tratamento que interfira na progressão, nem cura.
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No romance “A família O’Brien”, Lisa Genova nos coloca diante de Joe O’Brien, um policial respeitado de 44 anos, pai orgulhoso de quatro filho, casado e presente no relacionamento. Quando o policial começa a ter confusões mentais, alterações de equilíbrio e fala, ele culpa esses acontecimentos a uma ruptura antiga do ligamento do joelho, estresse no trabalho e ao envelhecimento, mas conforme os episódios vão piorando, sendo perceptíveis por seus colegas e por sua família, Joe é então convencido por sua esposa, Rosie, a procurar um médico.
Na visita a um especialista, que aparentava ser simples, Joe recebe o diagnóstico de uma doença neurodegenerativa incurável e de herança familiar, a Doença de Huntington. No consultório, ainda tentando entender o que é a doença, Joe descobre que cada um de seus filhos tem 50% de chances de herdar o gene mutante, e um simples exame de sangue pode revelar o destino de cada um deles, mas como Joe, se sentindo culpado por sentenciar ‘a pena de morte’ para os quatro filhos, vai criar coragem para contar a eles sobre a Doença de Huntington? E após as informações, quais deles vai querer saber se tem ou não a DH? E dependendo de suas escolhas, como viver com a ansiedade de não saber se herdou a disfunção neurodegenerativa? Através dessas questões a autora desenvolve a história de Joe e sua família.
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Iniciando por “A família O’Brien”, a minha intenção era ler todos os livros de Lisa Genova, uma escritora e neurocientista, que emprega todo seu conhecimento na área ao abordar alguma doença nas suas histórias, mas o livro acabou me decepcionando em diversos aspectos na narrativa.
A autora se propõe a contar a história d’A família O’Brien, mas eu não achei essa questão muito construída. Joe é o foco do enredo, eu gostei da forma que ela criou esse personagem até ele descobrir que tem a DH, mas eu senti falta da família como um todo. Dos quatro filhos, só dois deles tem uma importância significativa para o enredo, enquanto os outros são inseridos na narrativa apenas para se criar aquele suspense de que, um deles vai querer saber se tem a doença, o outro vai fazer a escolha de não saber o resultado.
Desde o início, Lisa se preocupa em trazer dados sobre a Doença de Huntington que não é tão conhecida pelas pessoas, desenvolvendo a história dos O’Brien após as informações, mas quando o foco não é a DH, algumas falas das personagens são bem problemáticas, já que ela toca em assuntos importantíssimos para se debater e não desenvolve nada através daquilo, sendo desnecessário para o enredo alguns diálogos que podem passar despercebidos.
Genova estudou muito a Doença de Huntington para escrever "A família O'Brien", é da área dela, é evidente, porém, a impressão que causou em mim é que ela se preocupou tanto em abordar a doença no livro que esqueceu de desenvolver questões tão importantes quanto, que são mencionadas mas não discutidas, e que NÂO devem ser justificadas pelas personagens terem a DH; algumas falas são preconceituosas e isso me incomodou pelo tratamento dado pela autora.