esther372 21/05/2024
Um homem dono de sua própria ruína
Hamlet faz jus ao fato de ser, talvez, a peça de shakespeare que mais ganhou destaque.
o autor consegue fazer com maestria o que, creio eu, se propôs: apresentar um drama de consciência que cativa o espectador.
se a narrativa se limitasse a apresentar a tragédia vivida pelo príncipe bem como sua tentativa de vingança, provavelmente não seria tão aclamada quanto é.
mas shakeapeare consegue ir muito além apresentando um personagem marcado pelo pessimismo, fatalismo e indecisão.
para além disso, o autor usa e abusa da dualidade: palavra e ação, loucura real e loucura simulada, filho e pai. sem contar na presença da própria peça dentro da peça.
os pontos altos ficam, sem sombra de dúvidas, por conta das reflexões filosóficas que encontramos nos monólogos.
?Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer..., dormir..., dormir..., talvez sonhar...?